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Futebol

19/06/2019 00h35

Copa América

VAR anula dois gols, Brasil não sai do zero com a Venezuela e adia vaga nas quartas da Copa América

Seleção não consegue furar a retranca venezuelana e briga por vagas na próxima fase segue em aberto até a última rodada

A Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), recebeu, na noite desta terça-feira (18.06), um público de pouco mais de 39.600 pessoas para a partida entre Brasil e Venezuela, a segunda da Seleção Brasileira masculina de futebol na Copa América. Controlando a posse de bola, mas com pouca criatividade na articulação de jogadas e infiltrações, o time de Tite não conseguiu furar a retranca adversária e, com dois gols anulados com o auxílio do VAR, deixou o campo com o placar inalterado. Com o empate, o Brasil soma quatro pontos e lidera o Grupo A da competição. Com vitória sobre a Bolívia por 2 x 1, o Peru tem a mesma pontuação brasileira, mas leva desvantagem nos critérios de desempate. A Venezuela, com dois pontos, ainda tem chances de avançar às quartas. Pela rodada decisiva, o Brasil encara os peruanos, no próximo sábado (22.06), na Arena Corinthians, a partir das 16h.

Philippe Coutinho foi muito marcado durante toda a partida. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

O técnico Tite admitiu uma atuação abaixo da média de seus comandados, principalmente no que diz respeito ao último passe e aos chutes em gol. "A equipe não teve a criatividade que buscamos e, quando não faz o gol, fica um pouco ansiosa demais e apressa o passe vertical. Tem que melhorar a finalização, principalmente de média distância, quando uma equipe fica fechada atrás", analisou. Em 38 jogos, foi apenas a quarta vez que a Seleção de Tite não marcou gols durante um jogo.

"A equipe não teve a criatividade que buscamos e, quando não fez o gol, ficou um pouco ansiosa demais e apressou o passe vertical. Tem que melhorar a finalização, principalmente de média distância, quando uma equipe fica fechada atrás"
Tite, técnico da Seleção Brasileira

Para o treinador, a atenção venezuelana com o principal meia de criação da equipe, Philippe Coutinho, foi determinante para o resultado. "Hoje ele foi bem marcado. Eles se concentraram muito na faixa central, ficou difícil dar articulação e receber em um plano mais avançado. Eles estavam dando uma certa liberdade para Marquinhos, Thiago e Casemiro, mas não deixavam a bola chegar no Coutinho e, por vezes, no Firmino. Estrategicamente, a equipe ficou mais prejudicada", apontou.

Apesar do empate, o gaúcho projetou uma melhora do time no decorrer da competição e defendeu a busca de um futebol mais "brasileiro". "Precisamos evoluir o processo criativo e de finalização e não fugir da responsabilidade de que precisamos jogar bonito, sim. Não vou vir aqui e dizer que o que importa é o resultado. Não vou fugir, tem que me cobrar um futebol vistoso e criativo, porque é a nossa característica".

Torcida fez a sua parte

Antes da partida, o clima nos arredores da arena soteropolitana era de festa. Dentre os torcedores que ocupavam a área externa do estádio, porém, um em especial chamava atenção. Com roupas extravagantes e uma bicicleta repleta de enfeites (dentre eles uma cabeça de bode), o brasileiro descendente de árabes Asnr Mahmed Soleman de Macedo, que segundo ele próprio é conhecido como Zico Sena da Bahia, era constantemente abordado por outros fãs de futebol para fotos. Aos 59 anos, Zico pedalou por três dias de Feira de Santana a Salvador, percorrendo uma distância de 360 km, apenas para prestigiar a Seleção. De acordo com ele, os ornamentos de seu meio de transporte são um tributo à música local.

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Zico Senna pedalou mais de 300km para acompanhar a seleção. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

"Estou homenageando a guitarra baiana e [o músico] Bell Marques, que também me homenageou na micareta de Feira de Santana diante de 20 mil pessoas", lembrou. A escolha de seu nome artístico é também reverência a dois ídolos do esporte brasileiro: Zico, o Galinho de Quintino, e o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna.

Bandeira simbólica

Em um estádio repleto de brasileiros, o venezuelano Kelvin Sojo Villalba se destacava, usando a tradicional camisa de cor vinho da seleção de seu país. Apesar de ter ido sozinho ao estádio, ele trazia consigo a lembrança de pessoas queridas que deixou em sua terra natal. Natural de Caracas, o mestrando da Universidade Federal da Bahia (UFBA) levava uma bandeira com a assinatura de cada um dos seus ex-alunos. "Este foi um presente dos meus estudantes, sou professor de geografia. Quando falei para eles que ia estudar aqui no Brasil, eles me deram esta bandeira de presente e, sabendo que a Copa América ia ser aqui, falaram que se a Venezuela jogasse na Bahia eu teria que fazer um esforço de ir ao jogo. E, quanta casualidade, a partida de hoje foi ser justamente aqui em Salvador", contou emocionado.

Para Kelvin, no entanto, sua seleção ainda carece de experiência em torneio continentais deste porte. "Para a Venezuela é um desafio, porque ainda não conseguimos participar de uma Copa do Mundo e não temos nenhum título da Copa América. É um sonho, uma paixão que os venezuelanos têm, querem conseguir de qualquer jeito. Espero que hoje possamos ter a possibilidade de nos aproximar dessa conquista", afirmou.

Já Mariana Caruso, que já havia estado na Fonte Nova para assistir à Seleção Brasileira Sub-23 durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, contou que a boa experiência de estreia nas arquibancadas a fez ter vontade de voltar. "Confesso que naquela ocasião vim 'de paraquedas' por causa do namorado, mas desde a primeira vez gostei e resolvi vir novamente".

O venezuelano Kelvin Sojo Villalba fez festa na Fonte Nova. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

O jogo

Com Arthur de volta ao time titular e a mobilidade usual de Philippe Coutinho, o Brasil comandou as ações no meio de campo durante todo o primeiro tempo. Sem encontrar brechas na fechada defesa venezuelana, no entanto, a Seleção não conseguiu criar muitas oportunidades claras. As melhores chances brasileiras vieram em chute cruzado para fora de David Neres, aos 14 minutos, após receber passe de Arthur, e logo em seguida, aos 16, com Richarlisson, que fez boa jogada dentro da grande área e chutou rasteiro obrigando o goleiro Fariñez a fazer uma boa defesa e espalmar para a lateral.

Na única vez em que chegou perigosamente, a Venezuela quase abriu o placar. Aos 18 minutos da primeira etapa, Herrera fez boa jogada pela direita e cruzou para o atacante Rondón, que ganhou de Marquinhos no alto e cabeceou a bola rente a trave de Alisson. Tudo igual na primeira etapa: 0 x 0.

O Brasil voltou para o segundo tempo com Gabriel Jesus, incialmente aberto pela esquerda no lugar de Richarlisson. A mudança surtiu efeito e o atacante do Manchester City chegou a abrir o placar após passe de Roberto Firmino dentro da área. O atacante do Liverpool, porém, estava impedido e, com o auxílio do VAR, o tento foi anulado.

Casemiro, que havia recebido um cartão amarelo no primeiro tempo, e David Neres, deram lugar a Fernandinho e Everton, respectivamente, os comandados de Tite conseguiram criar as melhores possibilidades. Aos 42 minutos da etapa final, o atacante do Grêmio, em linda jogada individual pela esquerda, serviu Coutinho na pequena área. O meia do Barcelona chegou a colocar a bola para dentro, mas o VAR anulou novamente o gol por posição irregular de Firmino no lance. O time Canarinho ainda tentou partir para cima nos minutos finais, e chegou perto da meta adversária com Filipe Luís e Fernandinho, mas não conseguiu evitar o empate sem gols.

#CopaDaPaz

Antes que os jogadores viessem para o aquecimento no gramado, por volta das 20h, foi exibido nos telões da Arena um vídeo da campanha #CopaDaPaz #CopaDaCidadania, do Ministério da Cidadania, que conta com a participação de oito ex-jogadores brasileiros e estrangeiros. Entre eles, campeões de edições anteriores da Copa América e atletas que já se destacaram por suas seleções, como Romário, Juninho Paulista, Ricardo Rocha, Diego Lugano (Uruguai), Sergio Goycochea (Argentina), Claudio Maldonado (Chile), Fabián Vargas (Colômbia) e Iván Hurtado (Equador). Todos participaram da campanha de forma gratuita.

No vídeo, que vem sendo exibido nos telões de todos os estádios desta edição da competição, os ex-jogadores convidam a torcida a celebrar o torneio em ambiente de união e paz, com o seguinte texto: "O futebol é a grande paixão da América do Sul. E entra em campo mais uma vez, levando emoção para a imensa torcida que ama o esporte. Vamos celebrar, todos juntos, para que a confraternização e o sentimento de unidade do povo sul-americano transformem a Copa América na Copa da paz e da cidadania."

De Salvador, Pedro Ramos, rededoesporte.gov.br