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Atletismo paralímpico

12/11/2019 18h53

Atletismo paralímpico

Petrúcio se torna o atleta mais rápido da história das provas paralímpicas

Brasileiro conquistou o bicampeonato mundial dos 100m com pódio 100% nacional. País ainda teve outras duas dobradinhas em Dubai, chegou a 25 medalhas e ocupa a vice-liderança

O Brasil protagonizou nesta terça-feira, em Dubai, nos Emirados Árabes, uma das finais mais simbólicas da história do país em mundiais de atletismo paralímpico. A decisão dos 100m da classe T47, para atletas com amputação nos braços, terminou com um pódio 100% nacional, com o paraibano Petrúcio Ferreira em primeiro, o carioca Washington Júnior em segundo e o alagoano Yohansson Nascimento em terceiro.

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Trio brasileiro corre para fazer história e garantir um pódio triplo nos 100m. Foto: Ale Cabral/CPB

Mais do que a hegemonia das premiações, a prova terminou com tempos mais do que expressivos. Se na final Petrúcio já cravou impressionantes 10s44, os 10s42 que ele registrou na semifinal consolidam o brasileiro como o atleta mais rápido da história das competições paralímpicas de atletismo, levando em conta todas as classes. Na final desta terça, Washington (10s58) e Yohansson (10s69) também concluíram a prova com os melhores tempos que já registraram em suas carreiras. 

Antes de Petrúcio, o tempo paralímpico mais rápido da história entre todas as classes pertencia ao norueguês Salum Ageze Kashafali, com 10s45 cravados em Oslo, em junho de 2019. Outra marca expressiva pertencia ao irlandês Jason Smyth, que compete na categoria para deficientes visuais. Smyth completou os 100m em 10s46 nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012. O irlandês, considerado um fenômeno do esporte paralímpico, tem 10s22 como melhor marca pessoal, mas o tempo foi registrado durante a disputa de uma prova olímpica, por isso não é computado no universo paralímpico. 

Em Dubai, Petrúcio já havia conquistado o ouro também nos 400m. O brasileiro, que também venceu os 100m no Mundial de Londres, em 2017, tem ainda no currículo o ouro nos 100m nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Na prova desta terça, desde os primeiros metros os três brasileiros dominaram a disputa. Petrúcio não largou bem e Washington lançou-se à frente, seguido de Yohansson. O paraibano recuperou-se após 20 metros e assumiu a dianteira na segunda metade. Os três velocistas são integrantes da categoria Pódio, a mais alta do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

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Yohansson, Petrúcio e Washington: dia em que os três cravaram os melhores tempos de suas carreiras. Foto: Ale Cabral/CPB

"Era uma meta nossa esse pódio triplo. Eu estava confiante de que chegaria entre os três. É uma dificuldade minha a largada, nos primeiros 30 metros demoro a desenvolver, mas consigo encaixar durante o percurso. Fiz uma corrida de recuperação. Minha alegria foi maior ainda quando vi o Washington do meu lado, porque ele me deu trabalho durante a prova", relatou Petrúcio, que perdeu a mão esquerda aos dois anos de idade devido a um acidente em uma máquina de moer capim.

"Era uma meta nossa esse pódio triplo. Eu estava confiante de que chegaria entre os três. É uma dificuldade minha a largada, nos primeiros 30 metros demoro a desenvolver, mas consigo encaixar durante o percurso"
Petrúcio Ferreira

"É uma honra no meu primeiro Mundial estar entre os três melhores do mundo. Eu larguei bem, acompanhei o Petrúcio, mas ele passou por mim. Olhei para o lado e o Yohansson estava cruzando a linha de chegada também. Nem liguei para os tempos. Quando vi que deu pódio triplo para o Brasil, fiquei muito contente", comentou Washington, que nasceu com má-formação no braço direito.

"Eu estou feliz demais por fazer parte dos 100m T47 mais fortes da história paralímpica. Eu tenho 32 anos, fiz minha melhor marca da vida, conquistei minha 11ª medalha e o índice para os Jogos de Tóquio 2020. Então, foi um sucesso", celebrou Yohansson, que nasceu sem as duas mãos.

Vice-liderança

Ao todo, foram nove medalhas conquistadas apenas nesta terça-feira pelo Brasil no sexto dia de Mundial, o que elevou a contagem de conquistas em solo árabe a 25 pódios, quatro a mais que na última edição do Mundial de Londres, em 2017.

A China lidera o quadro de medalhas, com 41 no total, 17 das quais de ouro. Quem rivaliza pela vice-liderança com o Brasil é a Ucrânia, que também tem nove campeões, porém uma prata a menos que o time verde-amarelo (6 a 5). A competição é realizada no Dubai Club for People of Determination desde a quinta-feira, 7, e segue até o dia 15. A Seleção Brasileira conta com 43 atletas entre os 1.400 inscritos de 120 países.

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Jerusa Geber cravou tempo que seria recorde mundial não fosse a velocidade do vento. Foto: Ale Cabral/CPB

Outros resultados

O primeiro pódio brasileiro saiu na madrugada (no Brasil) desta terça-feira. Izabela Campos conquistou o bronze no lançamento de disco da Classe F11. Quando a sessão da noite em Dubai começou, veio a enxurrada de dobradinhas brasileiras.

A primeira foi nos 100m da classe T11 (cegos). Jerusa Geber, guiada por Gabriel Garcia, cruzou a linha de chegada em 11s80. A marca seria recorde mundial não fosse o vento em 2,4 positivo. Lorena Spoladore, com Renato Benhur, faturou o bronze (12s03) em uma reação nos últimos metros para ultrapassar a chinesa Guohua Zhou, que ficou em quarto. Cuiqing Liu, chinesa que havia sido derrotada nos 400m pela potiguar Thalita Simplício, tornou a ficar com a prata (11s87).

"As chinesas vieram com tudo, elas não estavam para brincadeira, mas estamos focados desde o início do ano para este Mundial"
Jerusa Geber

"Eliminatórias, semifinais e final foram muito disputadas. As chinesas vieram com tudo, elas não estavam para brincadeira, mas estamos focados desde o início do ano para este Mundial", disse Jerusa, após a medalha de ouro.

Logo em seguida, Rayane Soares, que foi a primeira brasileira campeã neste Mundial, nos 400m da classe T13, voltou a subir ao pódio nesta terça-feira. Ela foi prata nos 200m, com o tempo de 25s22. Apenas Leilia Adzhametova, da Ucrânia, foi capaz de superá-la (24s35).

O segundo pódio duplo foi composto por Joeferson Marinho no vice-campeonato e Fabricio Ferreira em terceiro nos 100m T12 (baixa visão). Esta foi uma das provas mais aguardadas em todo o Mundial. O vencedor foi o congolês naturalizado norueguês Salum Kashafali. Ele é estreante em mundiais, apesar dos 25 anos, e chegou a correr a 10s44 na semifinal, que seria uma das maiores marcas de todos os tempos não fosse pelo vento a favor em 3,8.

Na final, Kashafali foi ladeado por Joeferson e Fabrício. Ele teve dificuldades na largada, mas ao fim da primeira metade conseguiu distanciar-se dos brasileiros e cravou 10s54, novo recorde do campeonato. Joeferson fechou em 10s77 e Fabrício, 10s84.

"É muito agradável estar perto dos melhores do mundo, uma oportunidade que nunca havia tido e gostei do que apresentei neste primeiro Mundial", disse o paraibano Joeferson. "Esta prova evoluiu muito. No Mundial de dois anos atrás, em Londres, dava para chegar à final com 11s. Aqui em Dubai, fomos todos na casa dos 10s. Esse bronze é muito importante, vou voltar para casa e treinar ainda mais", comentou o sul-matogrossense Fabrício.

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Joeferson Marinho foi prata e Fabrício Ferreira foi bronze na prova dos 100m para deficientes visuais. Ouro ficou com Salum Kashafali, da Noruega. Foto: Ale Cabral/CPB

Mais treze

Nesta quarta-feira (13.11), sétimo dia de Mundial, o Brasil terá 13 atletas em ação, sete dos quais em finais. O campeão paralímpico do lançamento do disco da classe F11 (cegos), Alessandro Rodrigo, entrará em cena às 2h da manhã do Brasil. O veterano Lucas Prado disputa a final dos 100m T11 e terá a companhia do fluminense Felipe Gomes - esta prova a partir das 11h36 (de Brasília). Outra final com dupla brasileira é a dos 200m T37 (paralisados cerebrais): Vitor de Jesus avançou com o melhor tempo, enquanto o jovem Christian Gabriel tem a quarta marca.

Resultados desta terça (12.11)

Finais
100m (T11): Lorena Spoladore - bronze
100m (T11): Jerusa Geber - ouro
200m (T13): Rayane Soares - prata
100m (T12): Fabrício Ferreira - bronze
100m (T12): Joeferson Marinho - prata
100m (T47): Petrúcio Ferreia - ouro
100m (T47): Yohansson Nascimento - bronze
100m (T47): Washington Júnior - prata
Lançamento de disco (T11): Izabela Campos – bronze

Eliminatórias
100m (T11): Daniel Mendes – 5º lugar
100m (T11): Felipe Gomes – 4º lugar*
100m (T11): Lucas Prado – 3º lugar*
200m (T37): Christian da Costa – 4º lugar*
200m (T37): Mateus Evangelista – 9º lugar
200m (T37): Vitor de Jesus - 1º lugar*
200m (T11): Jerusa Geber – 4º lugar**
200m (T11): Thalita Simplicio – 1º lugar**
200m (T11): Lorena Spoladore – 2º lugar**
100m (T36): Táscitha Cruz – 6º lugar*
200m (T12): Ketyla Teodoro – 7º lugar
200m (T12): Viviane Ferreira – 5º lugar
*Classificado para final
**Classificado para semifinal

Programação desta quarta, 13.11 (horário de Brasília):

Madrugada
2h00 - Alessandro Rodrigo, final do lançamento de disco (F11)
2h06 - Verônica Hipólito, 100m (T37)
4h00 - Lorena Spoladore, 200m (T11)
4h08 - Jerusa Geber e Thalita Simpicio, 200m (T11)
4h16 - Fernanda Yara, 200m (T47)

Tarde
11h28 - Táscitha Cruz, final dos 100m (T36)
11h36 - Lucas Prado e Felipe Gomes, final dos 100m (T11)
12h02 - João Vitor Teixeira, final do lançamento de disco final (F37)
13h15 - Vitor de Jesus e Christian da Costa, final dos 200m (T37)
13h32 - Vinícius Rodrigues, 100m (T63)

Rededoesporte.gov.br, com informações do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)