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Canoagem paralímpica

07/01/2019 12h48

Paracanoagem

Todas as remadas de Igor Tofalini levam à Hungria

Campeão mundial na canoa polinésia em 2018, paranaense foca a preparação no Mundial da categoria, em agosto, que reserva vagas para os Jogos de Tóquio

No calendário de 2019 de Igor Tofalini, há uma período marcado com um pin especial. Entre 21 e 24 de agosto, os melhores atletas da canoagem paralímpica estarão na Hungria, para o Mundial mais estratégico do ciclo até Tóquio. No torneio da cidade de Szeged, os seis melhores de cada categoria garantem vaga para os Jogos Paralímpicos de 2020, no Japão.

Igor Tofalini conquistou o ouro no Mundial de Portugal em 2018 na canoa polinésia 200m. Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br

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Pelo destaque em 2018, Tofalini recebeu o Prêmio Paralímpicos, do Comitê Paralímpico Brasileiro. Foto: Abelardo Mendes Jr./ rededoesporte.gov.br

Tofalini tem motivos para olhar com carinho para a data. Em 2018, ele precisou de seis meses de experiência na canoa polinésia para fazer uma prova perfeita em Montemor-o-Velho, em Portugal, e conquistar o título dos 200m. Até então, os melhores resultados do atleta paranaense tinham sido semifinais de mundial e dos Jogos Rio 2016, sempre no caiaque.

"Hoje, a canoa VL2 já é minha prova principal. É uma prova rápida, que exige muito. Qualquer detalhe faz diferença. Em Portugal, os três primeiros ficaram separados por menos de um segundo. Por isso, qualquer deslize e vai tudo embora", disse Tofalini, de 34 anos, que chegou a surpreender a comissão técnica em 2018 pela rápida adaptação à embarcação.

"Como ele era praticamente iniciante na canoa, a sensação de todos com o ouro que ele conquistou foi inexplicável. Nos treinos, aplicamos um alto volume de remo, tanto em Londrina como em Ilha Comprida, em São Paulo. Ele remava cerca de 30 quilômetros por dia. Precisava disso para estar pronto em tão pouco tempo. Outro ponto que identificamos é que nos últimos 50m ele perdia um pouco do controle do barco. Ajustamos e deu certo", afirmou o técnico da Seleção, Thiago Pupo, em entrevista ao rededoesporte.gov.br durante o Mundial de Montemor-o-Velho.

"Hoje, a canoa VL2 já é minha prova principal. É uma prova rápida, que exige muito. Qualquer detalhe faz diferença. Em Portugal, os três primeiros ficaram separados por menos de um segundo"
Igor Tofalini

Integração com olímpicos

Além de treinos no Iate Clube de Londrina com o técnico Gelson Moreira e de períodos com a seleção em Ilha Comprida, faz diferença no crescimento dos paralímpicos a interação que vez por outra eles têm com atletas olímpicos, como os medalhistas Isaquias Queiroz e Erlon Silva. "Estamos sempre viajando com eles. Muitas vezes ficamos juntos em hotéis. Isso faz com que a gente possa interagir, aprender e se motivar ainda mais. De vez em quando até treinamos juntos. Serve de espelho para nós", afirmou Tofalini.

Até por isso, também no ambiente do esporte adaptado foi muito sentida a perda do técnico espanhol Jesús Morlán, vítima de um tumor no cérebro em 2018. "O Jesús nos recebeu muito bem em todos os ambientes. Era um técnico que dispensava comentários. Trouxe medalhas inéditas para o Brasil. Ele nos mostrou que é preciso buscar sempre mais, querer aprender sempre mais, para colher os frutos que almejamos", completou.

Pódio em Portugal: dobradinha com o piauiense Luis Cardoso. Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br

Disputa doméstica

Antes de chegar ao Mundial da Hungria, Tofalini sabe que tem uma disputa dura no âmbito doméstico. A qualidade de alguns atletas nacionais é compatível com o nível internacional. Assim, em alguns casos, conseguir a vaga na seleção brasileira é tão difícil quanto chegar ao pódio em torneios fora das nossas fronteiras.

Para se ter uma dimensão da disputa interna, no Mundial de Montemor-o-Velho o Brasil terminou em quarto lugar no quadro geral de medalhas, com cinco medalhas no total: um ouro, três pratas e um bronze. Uma das pratas foi exatamente numa dobradinha nacional na prova dos 200m da canoa polinésia, com Tofalini em primeiro e Luis Cardoso em segundo. O piauiense de 33 anos soma nada menos que oito pódios em mundiais.

"Italianos e os próprios húngaros estão entre os melhores, mas o Brasil também tem tido muito destaque. Isso faz com que tenhamos que nos dedicar sempre para buscar a perfeição. Somos obrigados, aqui, a competir num nível alto", disse Tofalini, que tem na Copa Brasil um de seus primeiros compromissos em 2019. A competição será em 31 de março, em São Paulo, e serve para montar a seleção que vai representar o país nos torneios internacionais da temporada.

Dos rodeios ao remo

Antes de o Brasil conhecer Tofalini como campeão mundial de canoagem, o paranaense teve uma carreira profissional ligada ao mundo dos rodeios. Profissão que ele conduziu como prioritária até 2011, quando sofreu uma fratura na coluna. Ele caiu da montaria num evento na pequena cidade de Iguaraçu (PR) e o touro pisou em sua coluna. A lesão em uma das vértebras determinou uma limitação de movimentos em suas pernas.

"O meu primeiro contato com o esporte adaptado foi com o remo durante o período de recuperação, no Hospital Sarah", recordou Tofalini. De volta a Londrina, começou a fazer natação dentro de um processo de reabilitação. No mesmo clube em que nadava havia a prática da canoagem. "Conheci lá e procurei aprender por curiosidade. Já são cinco anos de prática mais intensa", contabilizou o atleta, que tem no currículo a participação em três mundiais e nos Jogos Rio 2016.

Confira como foi a participação brasileira no último Mundial de canoagem paralímpica, em 2018:

Gustavo Cunha - rededoesporte.gov.br