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12/01/2019 16h58

Skate

Quatro brasileiras se garantem entre as oito finalistas da Liga Mundial de Street

Letícia Bufoni conseguiu a melhor nota entre 24 competidoras. Pâmela Rosa, Karen Feitosa e Virgínia Fortes, de apenas 12 anos, também se classificaram. Final será neste domingo, no Rio

Virgínia Fortes Água tem apenas 12 anos, mas atingiu a maioridade no skate mundial neste sábado, 12.01, no Rio de Janeiro. A atleta de Niterói (RJ) conquistou uma das oito vagas na decisão da Liga Mundial de Skate. A disputa reuniu 24 atletas na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico da Barra.

Virgínia, Karen, Pâmela e Letícia: quarteto nacional garantido entre as oito finalistas. Foto: Gustavo Cunha/rededoesporte.gov.br

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Virgínia Fortes Água: apenas 12 anos, mas um skate de gente grande. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

A conquista de Virgínia veio recheada de ineditismos. Ela se tornou uma das mais jovens atletas a chegar numa final de etapa da Liga Mundial de skate. Fez isso em casa, na primeira vez que a principal competição do esporte aterrissa no Brasil com representantes de 30 países. Alcançou o feito num dia em que outras três brasileiras chegaram à decisão, algo inédito na modalidade.

E, para dar o tempero final, só teve certeza da classificação na última tentativa da última das 29 adversárias. Isso porque Virgínia disputou a primeira bateria. Entre as duas descidas de 45 segundos e as cinco chances de manobras específicas a que cada atleta tinha direito, somou 23 pontos. Ficou em primeiro na sua série. Ao longo da competição, no entanto, foi caindo até ficar no limite da oitava posição. Em sua chance decisiva, a americana Jenn Soto precisava de 4.0 para eliminar a brasileira, mas fez uma manobra simples e recebeu só 3.7. Com isso, somou 22,8 pontos, em nono. E confirmou a classificação de Virgínia. A decisão será neste domingo, 13.01, a partir das 15h.

"Consegui fazer tudo o que queria e até manobras que nunca tinha tentado. Foi o meu melhor dia aqui"
Virgínia Fortes Água

"Juro que não pensei que fosse passar. Achei mesmo que não dava. Estou feliz de verdade. Agora é curtir e, amanhã, lutar ainda mais", afirmou a adolescente, entre dezenas de abraços de amigos e torcedores e de muitas lágrimas. "Consegui fazer tudo o que queria e até manobras que nunca tinha tentado", disse, em referência a um aéreo que lhe garantiu pontos importantes.

"Foi o meu melhor dia aqui", avaliou a atleta, que iniciou na modalidade aos quatro anos, tomando posse de um longboard do pai, e engrenou de vez no dia em que "se emancipou da mamadeira". "Eu mamava até os quatro anos. Minha mãe me convenceu a largar dizendo que me colocaria numa aula de skate. Topei na hora".

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Letícia Bufoni voa na Arena Carioca 1. Atleta ficou com a melhor nota da semifinal: 30.6. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

Veteranas paulistas

"E já sou bem velhinha no torneio. Sabia que precisava de uma nota sete no último salto. Pensei em dar o aéreo e 'seja o que deus quiser'. Deu certo"
Pâmela Rosa

As outras três brasileiras classificadas são paulistas e veteranas das pistas. Letícia Bufoni, de 25 anos, tem o histórico de sete pódios no X-Games e venceu a Liga Mundial em 2016. Ela terminou a semifinal deste sábado na primeira posição, com 30,6 pontos.

Pâmela Rosa, por sua vez, somou 23,9 pontos, em sexto, com a nota conquistada no último salto. Logo atrás dela ficou Karen Feitosa, em sétimo, com 23,4 pontos. As outras quatro classificadas para a final são as americanas Mariah Duran, Lacey Baker e Alexis Sablone, além da japonesa Aori Nishimura.

"Eu foquei bastante. Estou me preparando para o street league há um bom tempo. Já sou bem 'velhinha' em torneios. Sabia que precisava de uma nota sete no último salto. Pensei em arriscar o aéreo e 'seja o que deus quiser'. Deu certo e temos quatro brasileiras na decisão. Vamos que vamos", disse Pâmela. Ela e Letícia são integrantes da categoria Pódio, a mais alta do programa Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

Para Pâmela, a presença do quarteto nacional na decisão é uma sinalização para os adversários de que o trabalho brasileiro para a estreia do skate nos Jogos Olímpicos de 2020, no Japão, está sendo bem feito. "Isso é incrível. Fica claro que o skate feminino brasileiro está crescendo. O pessoal de fora vê que a gente está se preparando bem", completou a atleta. A competição olímpica terá 40 atletas, 20 no masculino e 20 no feminino, com o limite de três, no máximo, por país. A competição no Rio de Janeiro é a primeira do circuito que conta pontos na corrida pela definição dos classificados.

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Pâmela Rosa: última manobra garantiu a atleta na decisão. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

Redenção espiritual

"Tive um início de carreira incrível e depois fiquei estagnada. Não ia para frente. Estava jogando fora um talento. Agora estou muito feliz e empolgada"
Karen Feitosa

Para Karen Feitosa, de 28 anos, a vaga na decisão tem uma aura de redenção. Considerada um fenômeno da modalidade no início da carreira, entre os nove e 16 anos, ela passou mais de cinco temporadas longe das pistas. Segundo ela, por ter optado por "caminhos errados, de baladas, bebidas e vícios". Há dez meses, depois de um período que define como "mais dedicada à fé", decidiu que retomaria o esporte numa nova perspectiva, mais atlética e focada.

"Esse caminho mudou a minha vida e me permitiu estar aqui. Tive um início de carreira incrível e depois fiquei estagnada. Não ia para frente. Estava jogando fora um talento. Agora estou muito feliz e empolgada. Quem sabe nessa final não haverá uma brasileira no pódio ou até uma dobradinha", afirmou Karen, que fez questão de elogiar a caçula da turma. "Ela tem um talento incrível. Ainda vai aprender um pouco de estratégia ao longo do tempo, o que só os campeonatos em sequência trazem. A gente usa muito estratégia para decidir a manobra certa para buscar a nota necessária. Mas o mais importante, que é andar muito de skate, ela já tem de sobra", disse.

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Karen Feitosa voltou a competir em alto nível após um tempo fora do circuito internacional. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

Gustavo Cunha, do Rio de Janeiro - rededoesporte.gov.br