Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Ouro duplo no atletismo e final no futebol garantem melhor campanha do Brasil na história da Universíade

Geral

11/07/2019 21h29

Nápoles 2019

Ouro duplo no atletismo e final no futebol garantem melhor campanha do Brasil na história da Universíade

Com 15 medalhas conquistadas e uma garantida, Brasil já superou sua melhor marca na competição. Paulo André leva o segundo ouro no atletismo e mira o terceiro

O Brasil brilhou em dose dupla no atletismo da Universíade 2019 nesta quinta-feira (11.07). Alison Santos venceu a prova dos 400m com barreiras e Paulo André Oliveira conquistou o segundo ouro na competição, desta vez nos 200m. Com as duas medalhas douradas e mais uma prata garantida no futebol, já que a seleção brasileira venceu a Rússia por 2 x 1 na semifinal, o Brasil já garantiu a melhor campanha de sua história na Universíade.

Em Nápoles, o país soma quatro ouros, duas pratas e nove bronzes. Em Kazan 2013, na Rússia, foram quatro ouros, três pratas e quatro bronzes. Como o futebol garantiu pelo menos uma prata, o Brasil já pode comemorar sua melhor campanha em todos os tempos. Até agora, as 15 medalhas contabilizadas colocam o Brasil no 11º lugar do quadro de medalhas. Por número de medalhas, o país está em 10º. Em Kazan, ficou em 17º.

E o melhor é que ainda há chances concretas de mais pódios. Quem garante é o maior medalhista do atletismo brasileiro em Nápoles. "Estou muito feliz. É o segundo ouro, espero conseguir o terceiro no revezamento. Mas estou feliz de entrar para a história da Universíade", disse Paulo, que ainda vai disputar o revezamento 4 x 100m livre, com final marcada para sábado.

paulo_andre_1107_raul2.jpg
Paulo André foi o mais rápido nos 100m e nos 200m rasos em Nápoles. Foto: Raul Vasconcelos/ rededoesporte.gov.br

Especialista nos 100m, que ganhou com folga na terça (09.07) ao marcar 10s09, Paulo fez uma semifinal difícil e depois viu o amigo e colega de revezamento Rodrigo Nascimento ficar fora da final. Uma conversa com seu pai e treinador, Carlos José, foi o que trouxe a confiança de volta. "Quando corri a semifinal fiquei meio assim, tive uma corrida meio estranha, mas conversei com meu técnico, botei a cabeça no lugar. Essa parte mental é importante. Entrei na pista confiante, fiz a prova e acabou que saiu minha melhor marca. Era 20s29, e agora 20s28. Pouca coisa, mas é sempre bom melhorar".

Quando terminou a prova, à frente de seu principal adversário na Universíade, o sul-africano Chederick Van Wyk, que ficou com 20s44, o brasileiro fez questão de voltar até onde estava o pai na arquibancada e mandar um recado. "Ele sabe como estou me sentindo. Ele viu em mim aquele desconforto, porque a semifinal não foi boa, e ele é a pessoa que faz isso em mim, que me bota onde devo estar, que é no topo, no primeiro lugar. Quando passei ali, só olhei para ele e falei 'eu te amo'. Eu queria até pular o alambrado para comemorar com ele", brincou.

Mais tranquilo, com o ouro no peito, Paulo até arriscou uma dancinha para comemorar com o amigo Alison Santos. "A gente é muito unido, independentemente da prova. Eu e o Alisson, então... A gente se conhece há pouco tempo, mas já tenho ele como irmão. Vou levar para o resto da minha vida".

alison_podio_1130_raul.jpg
Alison Santos (C). Foto: Raul Vasconcelos/ rededoesporte.gov.br

Pizza para comemorar

Com 1,98m de altura, 1,12m só de perna, e apenas 19 anos, Alison é uma das grandes promessas brasileiras no atletismo. Com a marca conquistada nesta quinta, de 48s57 nos 400m com barreiras, ele quebrou o recorde sul-americano sub-20 (que também era dele, de 48s84) e garantiu a quinta melhor marca do mundo na temporada. Mas quer mais. "Foi uma prova brigada até a 10ª barreira, pegada, boa para se correr. Consegui melhorar o resultado, mas com erros na prova, que dá para corrigir. Ainda dá para melhorar".

Já classificado para o Mundial de Doha e com o Pan juvenil e o Pan adulto pela frente, ele já tem as metas definidas para cada competição. "Quero quebrar o recorde do Pan juvenil, que é de 48s. Depois brigar por uma medalha no Pan adulto, que também não é algo impossível, e chegar bem no Mundial de Doha. De repente pegar uma final lá. Ser finalista do mundial adulto, sendo juvenil, seria gratificante", disse o paulista de São Joaquim da Barra, que com a marca de hoje teria ficado em quarto lugar no último Mundial adulto. O recorde brasileiro é de Eronilde Araújo, que em 1995 fez 48s04.

Alison brinca que não foi ele que escolheu a prova dos 400m com barreiras, mas a prova que o escolheu. Hoje, a paixão é mútua. "É uma das provas mais lindas que acho. As barreiras são minhas amigas, são bem próximas a mim já. Eu não quero derrubá-las e elas não querem me derrubar. A gente se dá bem", contou o integrante do programa Bolsa Atleta. "O Bolsa Atleta é muito importante na minha carreira, porque dá um suporte para poder investir em nós mesmos: equipamentos, massoterapeuta. É indispensável".

Com o ouro conquistado na única prova que veio disputar na Itália, Alison partiu para comemorar enquanto pode. "Agora é só festa. Vou comemorar dormindo e comendo pizza. O treinador falou que hoje posso aproveitar. Amanhã entro no avião e já é foco no Pan-Americano de novo, tudo regrado. Mas hoje até meia-noite vou aproveitar. Não posso sair daqui sem comer uma pizza. Vem pizza, vem!", brincou.

salto_vara_raul.jpg
Juliana Campos. Foto: Raul Vasconcelos/ rededoesporte.gov.br

Salto com vara

Quem também competiu no Estádio San Paolo nas finais da noite desta quinta do atletismo foi Juliana Campos, do salto com vara. Na semifinal, ela precisou competir com uma vara emprestada, já que as suas varas tiveram problemas no embarque em Portugal e ficaram retidas. Nesta quinta, já com seu próprio material, ela acabou em quinto lugar, com 4m31 como melhor marca.

"Foi um início complicado, mas que a gente conseguiu resolver. Minhas varas chegaram para a final, e gostei da prova. Achei que fiquei um pouco nervosa, mas levo daqui uma experiência incrível de competir com meninas de nível técnico alto. Saio contente com minha condição física. Estou pronta para saltar mais alto", disse a paulista, que vai disputar os Jogos Pan-Americanos. "Lá o nível vai ser mais alto, mas acho que falta só oportunidade para eu acertar o salto".

Bronze no taekwondo

A outra medalha brasileira do dia veio no taekwondo. No ginásio Palazzeto dello Sport, em Casoria, Bárbara Dias Novaes ficou com o bronze na categoria até 62kg . Ela venceu três lutas para chegar à semifinal, contra a russa Iuliia Turutina, mas acabou derrotada. Bárbara ainda vai lutar a disputa por equipes, no sábado.

Prata garantida no futebol

O Brasil também fez história no futebol masculino da Universíade. Pela primeira vez, o time conseguiu se classificar para a final da competição. Antes disso, os melhores resultados tinham sido dois bronzes: um em Palma de Mallorca-1999 e outro em Shenzhen-2010. A vaga veio com vitória sobre a Rússia por 2 x 1.

» Acompanhe todas as notícias sobre a Universíade 2019

O Brasil abriu o placar logo aos 14 minutos de jogo, com Rafael dos Santos, de cabeça. No lance seguinte, Eduardo Luiz ampliou e a seleção foi para o intervalo com 2 x 0 no placar. No segundo tempo, Pogorelov diminuiu logo aos seis minutos. Os russos tentaram pressionar, mas o Brasil se segurou até o fim e carimbou o lugar na decisão. Agora, vai brigar pelo ouro com o Japão, que eliminou a Itália na outra semifinal em um jogo emocionante: 3 x 3 no tempo tempo normal e 5 x 4 para os japoneses nos pênaltis. A final está marcada para sábado, a partir das 16h, no Estádio Arechi, em Salerno.

universiade_infografico_1130.jpg

Mateus Baeta, de Nápoles, na Itália - rededoesporte.gov.br