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Judô

06/10/2019 22h21

Judô

Novatos superam favoritos e Brasil abre Grand Slam com nove medalhas

Rafaela Silva (57kg) foi derrotada na semifinal por Ketelyn Nascimento, enquanto Allan Kuwabara (60kg) venceu Eric Takabatake na decisão

A abertura do Grand Slam de Brasília, neste domingo (06.10), viu personagens secundários tomarem o posto dos protagonistas de ao menos duas histórias. Um dos principais nomes da seleção brasileira, a campeã olímpica e mundial Rafaela Silva (57kg) foi superada pela jovem Ketelyn Nascimento, de apenas 21 anos, na semifinal, e terminou com o bronze da categoria. Já Allan Kuwabara (60kg), número 202 do ranking mundial, levou o ouro em sua primeira participação no evento ao derrotar, na decisão, o compatriota Eric Takabatake, 11o da listagem internacional. Ao todo, o Brasil estreou com nove medalhas, sendo duas de ouro.

“Ganhar de uma campeã olímpica tem seus créditos, mas tenho que reconhecer que ela é uma grande adversária. Foi de grande importância para mim”, comemora Ketelyn, que já havia vencido Rafaela no Troféu Brasil Interclubes do ano passado. Ainda assim, a jovem tinha consciência do desafio que teria pela frente, ao chegar à semifinal depois de passar por Diassonema Mucungui, de Angola, Anna Borowska, da Polônia, e Sarah Cysique, da França. “Eu entreguei para Deus, só fui”, brinca.

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Ketelyn (de azul) conseguiu a segunda vitória na carreira em cima de Rafaela Silva. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Deu certo. Um waza-ari foi suficiente para que a estreante pudesse celebrar a vitória em cima de Rafaela, campeã do Grand Slam de Baku em maio deste ano, e bronze no Mundial de Tóquio, em agosto. “É muito bom ver que a nova geração do judô brasileiro está crescendo e evoluindo. Também serve de alerta para treinar e se dedicar mais”, avalia Rafaela. “A gente aprende com os erros e os acertos. Acho que ganhar sempre também atrapalha. Quando tropeçamos, acabamos levantando mais fortes porque vemos onde é preciso trabalhar”, pondera.

Na sequência, contudo, Ketelyn foi superada na decisão pela britânica Nekoda Smythe-Davis, enquanto Rafaela faturou o bronze ao derrotar a portuguesa Telma Monteiro. “Eu gosto muito de competir no Brasil. Ganhei Mundial, Olimpíada e Mundial Militar no Brasil. Nos Grand Slams do Rio de Janeiro, sempre medalhava. Nem sempre tem competição no Brasil, mas, quando tem, eu sempre venho dar o meu melhor possível”, comenta a campeã olímpica que, na próxima semana, embarca para a disputa do Mundial Militar na China.

Também nos 57kg, Vitoria Andrade caiu na estreia para Jovana Rogic, da Sérvia, enquanto Tamires Crude foi eliminada na segunda rodada pela britânica que terminaria o dia com o ouro. O outro bronze ficou com Theresa Stoll, da Alemanha. 

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Rivalidade antiga 

A outra surpresa do dia ficou por conta da vitória de Allan Kuwabara em cima de Eric Takabatake na final brasileira dos 60kg. “É meu primeiro evento do porte de um Grand Slam. Estava muito focado nas lutas, queria mostrar meu melhor judô e acabou saindo hoje”, afirma Allan, que já tinha passado pelo português Felipe Cruz, pelo alemão Moritz Plafky e pelo espanhol Francisco Garrigos.

“Eu sabia que ia ser uma luta complicada. Eu e o Allan lutamos juntos desde os 13 anos, acho que fizemos umas 20 lutas. A gente se conhece muito, então eu sabia que ia ser uma luta aberta”, comenta Eric. “Às vezes você ganha e às vezes você perde. Desta vez eu perdi. Não tiro o mérito dele, ele lutou muito bem”, reconhece.

Outros dois nomes de destaque do país na categoria também ficaram pelo caminho. Medalhista de bronze em Londres 2012, Felipe Kitadai estreou com vitória diante do italiano Elios Manzi, mas nas quartas de final foi superado pelo russo Islam Yashuev. Na repescagem, Kitadai ainda perdeu para Garrigos. Renan Torres, ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, também perdeu para o atleta espanhol, já no golden score da disputa pela medalha de bronze. O outro bronze foi para o russo Islam Yashuev.

Segundo ouro brasileiro 

Se Rafaela e Eric não conseguiram confirmar o favoritismo em Brasília, Daniel Cargnin (-66kg) comprovou a boa fase. Campeão mundial júnior em 2017 e prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima, o judoca é hoje o sétimo melhor do mundo na categoria. A nível nacional, vem desbancando Charles Chibana, representante do país no Rio 2016, que ocupa agora a 35a colocação do ranking. Neste domingo, Cargnin derrotou o italiano Manuel Lombardo na final e conquistou mais mil pontos para a corrida olímpica,

“É muito importante, ainda mais lutando em casa, com a minha família assistindo. Estou muito feliz, além da medalha, pela forma como consegui me portar durante a competição. Isso para mim é o mais importante, para daqui em diante conseguir resultados ainda melhores”, projeta o brasileiro.

Na mesma categoria, William Lima chegou ao bronze após derrotar o russo Abdula Abdulzhalilov. Já Chibana caiu nas quartas de final para Cargnin e, na repescagem, foi superado por Abdulzhalilov.

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Daniel Cargnin (de branco) foi campeão mundial júnior em 2017. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Mais três medalhas 

Gabriela Chibana (48kg) e Larissa Pimenta (52kg) conquistaram mais duas medalhas de prata para o Brasil no primeiro dia do torneio na capital federal. “O Grand Slam vale muitos pontos no ranking mundial e para a gente é ótimo ser no Brasil. Poder lutar em casa dá uma sensação muito boa, junto com a família, com a torcida. Isso dá uma energia a mais”, conta Gabriela, superada na final pela portuguesa Catarina Costa.

Já Larissa havia derrotado a compatriota Eleudis Valentim na semifinal antes de encontrar a italiana Odete Giuffrida na decisão. Por estrangulamento, a brasileira campeã dos Jogos de Lima acabou amargando, em meio a lágrimas, a medalha de prata. “Foi o resultado mais expressivo que eu já tive. Acho que tenho que agradecer por tudo”, conformou-se a jovem de 20 anos, que na próxima semana embarca para o Mundial Júnior, antes de seguir também para o Mundial Militar.

Depois de perder para Larissa, Eleudis voltou ao tatame e conquistou o bronze diante de Joana Ramos, de Portugal. “Competir em um Grand Slam, com as melhores atletas, e subir no pódio faz com que o sonho para Tóquio 2020 fique mais próximo”, acredita.

Outras brasileiras não chegaram às disputas por medalhas. Nos 48kg, Natasha Ferreira foi eliminada por Eva Csernoviczki, da Hungria, na estreia. Laura Ferreira caiu para a portuguesa Catarina Costa na segunda rodada, mesma fase em que Eduarda Francisco perdeu para a espanhola Laura Martinez. Nos 52kg, Maria Taba foi superada na estreia pela chinesa Liping Liu. Yasmin Lima também não conseguiu avançar após ser derrotada por Fabienne Kocher, da Suíça.

O Grand Slam de Brasília segue nesta segunda-feira (7) com a disputa das categorias -63kg, -70kg (feminino), -73kg e -81kg (masculino), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). 

Galeria de fotos (imagens disponíveis em alta resolução; uso editorial gratuito)

Grand Slam de Judô Brasília 2019

Investimentos

Entre os 56 representantes brasileiros no evento, 36 fazem parte do programa Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento mensal no grupo é de R$ 133.275, totalizando quase R$ 1,6 milhão por ano. 

Além disso, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte foram captados R$ 2 milhões pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para a realização do Grand Slam. Outros R$ 3 milhões vieram por emendas parlamentares.

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Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br