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Taekwondo

21/08/2016 00h01

TAEKWONDO

No taekwondo, Maicon Siqueira sobe ao pódio e é bronze no último dia da modalidade no Rio 2016

Brasileiro perdeu nas quartas de final e teve a chance de disputar a repescagem. Depois de duas lutas, faturou mais um medalha para o país

O palco montado no centro da Arena Carioca 3, no Parque Olímpico da Barra, recebeu neste sábado (20.8), penúltimo dia dos Jogos Olímpicos, as últimas disputas do taekwondo no Rio 2016. O dia começou às 9h com a primeira fase da categoria +67kg feminina, competição em que o Brasil não teve representantes. Mas pouco depois, às 9h15, Maicon Siqueira, último atleta a defender o país na modalidade nestas Olimpíadas, pisou na área de luta para disputar a primeira rodada da categoria +80kg masculina. Naquele momento, começava uma caminhada que só terminaria no fim da noite com mais um bronze para o Brasil.

Maicon Siqueira, no sonhado pódio olímpico: lutador foi o único dos quatro atletas do taekwondo brasileiro nas Olimpíadas do Brasil a conquistar uma medalha. Foto: Getty Images

Maicon fez sua estreia olímpica diante do norte-americano Stephen Lambdin e, após vencer por 9 x 7, garantiu lugar nas quartas de final, já que apenas 16 atletas iniciam a briga por medalhas.

“Foi a maior honra que eu tive. Quando vi que a Olimpíada seria no Brasil, eu me dediquei 100% em todas as horas, todos os momentos, de alegria, de tristeza, e pus uma meta de alcançar essa vaga olímpica e poder lutar aqui no meu país. Graças a Deus deu tudo certo”
Maicon Siqueira

Com a missão cumprida na rodada matinal, o mineiro de Ribeirão das Neves, de 23 anos, teve algumas horas para descansar e se recuperar antes de voltar à ação às 15h15 para tentar uma vaga nas semifinais. Diante do rival Abdoulrazak Issoufou Alfaga, de Níger, o lutador da casa, empurrado pelos gritos e palmas da barulhenta torcida brasileira, que a todo instante gritava “Maicon, Maicon”, venceu o primeiro round por 1 x 0.

No segundo round, o africano virou o placar para 2 x 1 e, no round decisivo, Abdoulrazak Issoufou Alfaga ampliou a vantagem para 6 x 1 e interrompeu a trilha que poderia levar Maicon à final.

A partir daí, restava ao dono da casa torcer pelo rival. “Não consegui completar minha meta e agora é sentar lá, continuar estudando meus adversários, e esperar que ele possa fazer mais uma boa luta para que eu possa voltar para a repescagem e ir em busca do bronze”, disse Maicon.

Na semifinal, Abdoulrazak Issoufou Alfaga brilhou contra o uzbeque Dmitriy Shokin. E ao vencer o combate por 8 x 2, ele fez mais do que assegurar uma vaga na final. Ali, Alfaga recolocou Maicon Siqueira na trilha do pódio. E, desta vez, o brasileiro não desperdiçou a oportunidade.

“Eu estava na área de aquecimento”, lembrou Maicon, referindo-se ao momento em que parou para acompanhar o combate de Abdoulrazak Issoufou Alfaga. “Ele é um atleta muito bom e eu já tive a oportunidade de lutar com ele outras vezes e torci por ele para que me puxasse para a repescagem. Quando me puxou, eu sabia que seria medalhista olímpico”, disse o mineiro que já trabalhou como ajudante de pedreiro e garçom antes de se tornar atleta.

Maicon em dois momentos marcantes: contra o britânico Mahama Cho, na luta que lhe rendeu o bronze, e, depois, nos braços da mãe, dona Vitória. Fotos: Getty Images

“Como qualquer outro brasileiro, eu trabalhei para sustentar a família e realizar meu sonho. Consegui me manter no taekwondo até entrar para o alto rendimento. São oito irmãos, sete homens e uma mulher, eu sou o caçula”, lembrou, em referência às dificuldades que teve de superar até subir ao pódio olímpico.

Às 20h15, Maicon retornou à área de luta para seu terceiro combate. Diante do francês Bar Diaye, o mineiro, impulsionado pelo público, arrancou a vitória por 5 x 2 e, com isso, ficou a uma luta do bronze.

Uma hora depois do triunfo, Maicon estava de volta para o duelo mais importante de sua vida. Contra o britânico Mahama Cho, o brasileiro travou uma luta tensa, em que marcou o primeiro ponto, mas viu o adversário virar para 3 x 1. Maicon não se intimidou, reverteu a vantagem do rival, fez 4 x 3 e, ao final, chegou ao bronze com uma vitória por 5 x 4.

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Maicon é erguido pelo técnico Alberto Maciel Júnior: da origem humilde em Minas Gerais até a medalha no Rio 2016. Fotos: Getty Images

“A primeira sensação foi poder entrar bem focado e conseguir encaixar o meu jogo. Eu tomei um chute em cima, mas aquilo não me abalou, porque eu estava na luta. E no final eu apliquei uns dois golpes giratórios, que era o que eu precisava para me manter ainda mais na luta, e saí realizado. É uma conquista inédita para a minha modalidade (no masculino) e uma conquista muito grande para mim, para toda a minha família e meus amigos queridos”, comemorou o lutador. “Não foi a medalha de ouro, mas o peso é o mesmo”, ressaltou.

Com o resultado, Maicon Siqueira se tornou o segundo atleta do taekwondo brasileiro a conquistar uma medalha nos Jogos. A modalidade estreou no programa olímpico na edição de Sydney 2000 e, oito anos depois, em Pequim 2008, Natália Falavigna faturou o bronze na categoria +67kg.

“Foi a maior honra que tive. Eu me perguntava e perguntava para minha mãe se era verdade que o Brasil iria receber os Jogos Olímpicos, porque nunca houve no nosso continente. Quando vi que seria no Brasil, eu me dediquei 100% em todas as horas, todos os momentos, de alegria, de tristeza, e pus uma meta de alcançar essa vaga olímpica e poder lutar aqui. Graças a Deus deu tudo certo”, encerrou Maicon.

Em tempo: Abdoulrazak Issoufou Alfaga, que fez o dever de casa no Rio e que por isso deu a chance de Maicon lutar por uma medalha, não levou o ouro. Ele perdeu a decisão para o atleta do Azerbaijão Radik Isaev.

Balanço

Além de Maicon, três brasileiros disputaram as Olimpíadas no Rio, mas não subiram ao pódio. Entre as mulheres, Iris Sing venceu na estreia da categoria -49kg a neozelandesa Andrea Kilday e avançou às quartas de final, mas parou nesta fase diante da mexicana Adilene Itzel. Já Julia Vasconcelos dos Santos, pela categoria -57kg, foi eliminada na estreia diante da finlandesa Suvi Mikkonen.

No masculino, o Brasil esteve representado na categoria -58kg por Venilton Teixeira. Ele derrotou o israelense Ron Atias na primeira rodada, chegou às quartas de final, mas não conseguiu se classificar, superado pelo mexicano Carlos Ruben Valdez.

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br