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18/12/2018 09h25

Surfe

Gabriel Medina conquista o bicampeonato mundial de surfe no Havaí

Brasileiros venceram nove das 11 etapas do circuito em 2018. Modalidade vai integrar o programa olímpico pela primeira vez nos Jogos de Tóquio, em 2020

No palco mais mítico do surfe mundial, Gabriel Medina gravou pela segunda vez seu nome na lista dos campeões mundiais da modalidade. O brasileiro confirmou o título ao vencer a semifinal da etapa do Havaí do circuito mundial. Na decisão, com mais uma performance impressionante, superou o australiano Julian Wilson e levou também o troféu da etapa de Pipeline pela primeira vez.

O terceiro lugar da temporada também foi brasileiro, com Filipe Toledo. Os surfistas nacionais, aliás, foram dominantes: venceram nove das 11 etapas em 2018. O resultado reforça uma janela de expectativas positivas para o país nos Jogos Olímpicos de Tóquio. No megaevento esportivo do Japão, em 2020, o surfe fará parte do programa pela primeira vez na história.

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Brasileiro com o troféu da etapa havaiana do circuito mundial. Foto: Tony Heff/WSL

"Foi um ano intenso e estou feliz agora que deu tudo certo. Ver minha família e amigos felizes indo me pegar ali (no mar), com orgulho de mim, me deixa alegre demais. É isso que me faz vir aqui e fazer o melhor sempre. O nível está altíssimo. Todos são muito bons e isso é o que me incentiva a treinar mais", afirmou Medina, assim que chegou à areia, ao site worldsurfleague.com.

"Foi um ano intenso e estou feliz que deu tudo certo. O nível está altíssimo. Todos são muito bons e isso é o que me incentiva a treinar mais"
Gabriel Medina

Para garantir o título, Medina precisou mostrar o que sabe de melhor. Nas quartas de final, diante do californiano Conner Coffin, esteve "nas cordas" quando o adversário encaixou três tubos nos primeiros minutos do duelo. O brasileiro não se intimidou. Em duas ondas seguidas, virou a disputa. Primeiro, conseguiu um tubo improvável e finalizou com um aéreo alto. Na segunda, outro tubo longo, considerado perfeito, que valeu a única nota 10 do circuito no ano.

Nas semifinais, o sul-africano Jordy Smith também largou na frente de Medina, com notas 7,33 e 8,50. Medina começou com 7,17 e fez um 6,33. A bateria ganhou contornos de drama porque não havia muitas ondas. A escolha ganhou peso. E Medina achou o timing certo. Apresentou outro tubo incrível, sumiu na cortina de água e saiu com 9,10. No somatório, 16,27 a 15,83. Ali estava garantido o título da temporada.

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Medina durante um dos tubos na etapa do Havaí. Brasileiro teve o único dez da temporada. Foto: Tony Heff/WSL

Na decisão, disputa acirrada contra Julian Wilson, vencedor de duas etapas no ano. O australiano, que eliminou a lenda Kelly Slater nas semifinais, apostou nos tubos rápidos, mas Medina foi ainda mais consistente. Acumulou 18,34, contra 16,70 do adversário, e levantou o troféu pela primeira vez num dos principais palcos da história da modalidade. "Todos os meus ídolos venceram este campeonato e estou feliz por ter conseguido também", disse Medina. "Foi uma boa final. O Julian (Wilson) é o adversário mais difícil de enfrentar e tive sorte de pegar duas ondas boas. Ele me venceu aqui anos atrás. Agora foi minha vez. É bom demais fazer parte dessa história", disse Medina.

Foi a terceira final de Medina no Billabong Pipe Masters. A primeira foi em 2014, quando perdeu para Wilson, depois de conquistar o título mundial igualmente nas semifinais. Em 2015, garantiu o título para Adriano de Souza no bicampeonato do Brasil, também na semifinal contra o australiano Mick Fanning. Medina e Mineirinho fizeram uma inédita decisão verde-amarela no maior palco do esporte e Mineirinho coroou a conquista do título mundial como o primeiro brasileiro a vencer o Pipe Masters.

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Medina durante um dos tubos na etapa do Havaí. Brasileiro teve o único dez da temporada. Foto: Tony Heff/WSL

Domínio nacional

A temporada 2018 do Mundial de Surfe foi amplamente dominada pelos brasileiros, que venceram nove das 11 etapas. O australiano Julian Wilson ganhou as outras duas e por isso chegou no Havaí brigando pelo título com Medina e Filipe Toledo. A trajetória do novo bicampeão não começou bem, só passando uma bateria na Gold Coast, onde Julian Wilson ganhou seu primeiro evento.

Na segunda etapa, Medina chegou nas semifinais em Bells Beach, parando no potiguar Italo Ferreira. Em Saquarema, no Rio de Janeiro, chegou às quartas de final e Filipe Toledo faturou a etapa. Na Indonésia, descartou o nono lugar em Keramas, vencido novamente por Italo Ferreira, mas somou a quinta posição em Uluwatu, que terminou com o estreante Willian Cardoso como campeão.

Medina repetiu o quinto lugar na África do Sul, perdendo para Filipe Toledo, que conquistou o bicampeonato consecutivo em Jeffreys Bay. Já no Taiti, Medina teve a primeira vitória, sendo o melhor nos tubos de Teahupoo. E os dois dominaram a etapa seguinte, nas ondas perfeitas da piscina idealizada por Kelly Slater, com Medina sendo o primeiro campeão do Surf Ranch Pro e Filipe Toledo ficando em segundo.

Na "perna europeia", bastou chegar à semifinal na França para Medina assumir a liderança do circuito. Em Portugal, o brasileiro teve a chance de confirmar o bicampeonato, mas parou em Italo Ferreira nas semifinais. A decisão do título e a coroação ficou para o Havaí.

Vencedores de todas as etapas do circuito mundial 2018

Gold Coast - Julian Wilson
Bells Beach - Italo Ferreira
Saquarema - Filipe Toledo
Bali - Italo Ferreira
Uluwatu (completando Margaret River) - William Cardoso
Jeffreys Bay - Filipe Toledo
Teahupoo - Gabriel Medina
Califórnia - Gabriel Medina
Landes - Julian Wilson
Peniche - Italo Ferreira
Pipeline - Gabriel Medina

Lei de Incentivo

2014. O ano em que Gabriel Medina se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial no surfe também foi um marco para ele tirar do papel uma ideia que amadureceu durante anos: ter uma instituição para ajudar crianças da região de Maresias-SP e incentivar o crescimento da modalidade no litoral paulista. Após o planejamento, a preparação da equipe multidisciplinar e a construção da sede, o Instituto Gabriel Medina (IGM) surgiu oficialmente em fevereiro de 2017. Desde então, conta com recursos captados via Lei de Incentivo ao Esporte (LIE).

O instituto fica em frente ao local onde Charles Saldanha, o padrasto, ensinou Medina a surfar, e tem como foco a preparação de novos valores da modalidade. Atualmente, a instituição oferece gratuitamente para 33 jovens de 9 a 16 anos a mesma estrutura que Medina conta na parte técnica, física e médica, além de garantir aos atletas aulas de idiomas e de informática.

Rededoesporte.gov.br, com informações da worldsurfleague.com