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Tiro com arco

08/07/2019 09h17

Lima 2019

Marcus Vinícius mira volta por cima com ouro inédito no Pan e vaga para Tóquio

Arqueiro, que recebe apoio financeiro do Bolsa Atleta, busca reafirmação no cenário internacional do tiro com arco

Com apenas 21 anos, Marcus Vinícius D'Almeida já experimentou boa parte das sensações disponíveis na roda-gigante do alto rendimento. Aos 16 anos, chegou a ser chamado de "Neymar" do tiro com arco. Uma ascensão rápida, com início em 2013, aos 15 anos, quando alcançou o 17º lugar no Mundial Adulto, na Turquia, e a nona colocação no Mundial da China, feito inédito para o país. Em 2014, conquistou uma inédita prata nos Jogos Olímpicos da Juventude e ficou em segundo lugar na Copa do Mundo. No ano seguinte, conquistou o Mundial Júnior e o bronze nos Jogos Pan-Americanos por equipe. Os resultados geraram altas expectativas, que não se confirmaram nos anos seguintes, quando viu experimentou uma fase de baixa na carreira.

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Marcus Vinícius busca em Lima um título inédito no individual, que valeria a vaga olímpica para Tóquio. Foto: rededoesporte.gov.br

Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o carioca foi eliminado na primeira rodada, no individual e na equipe. Nas competições internacionais que se seguiram, os resultados foram medianos. O período deixou ensinamentos e adicionou motivação para o ciclo de Tóquio. Atualmente, o foco do atleta é em mover as engrenagens para voltar ao topo durante os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, no Peru. O arqueiro, que recebe o apoio financeiro do governo federal, por meio do Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, vai em busca do combo perfeito: a medalha de ouro e a segunda participação em Jogos Olímpicos, em 2020.

"Os anos de 2013 e 2014 foram maravilhosos, mas 2015 e 2016 foram de baixa. Quando chegou 2017, tive que me levantar em busca novamente do Top 20 do mundo. Entendi que ganhar é ótimo, mas aprendi que precisava entender melhor o meu corpo"
Marcus D'Almeida, atleta do tiro com arco

"Os anos de 2013 e 2014 foram maravilhosos na minha vida, mas 2015 e 2016 foram de baixa. Quando chegou 2017, tive que me levantar em busca novamente do Top 20 do mundo. Voltar a disputar em alto nível foi importante na minha carreira. Entendi que ganhar é ótimo, mas aprendi que precisava entender melhor o meu corpo. Eu estava em fase de crescimento e enfrentando mudanças grandes na parte física. Hoje, me sinto mais preparado do que naquela época em que tudo estava acontecendo muito rápido".

A competição entre os países das Américas é considerada um degrau importante na formação de atletas brasileiros. O olhar do carioca para o evento é de respeito, reconhecimento e valorização, já que a participação serve como plataforma para saltos maiores. O foco de Marcus Vinícius em 2019 é subir novamente ao pódio nas "Olimpíadas das Américas". Na última edição, disputada em Toronto, no Canadá, o atleta conquistou a medalha de bronze por equipes, ao lado de Daniel Xavier e Bernardo Oliveira.

Na história do evento, o Brasil garantiu até o momento cinco medalhas, todas de bronze. Em Lima, Marcus Vinícius terá a companhia de Marcelo Costa, Bernardo Oliveira, Ane Marcelle, Graziela Paulino dos Santos e Ana Luiza Caetano para buscar pela primeira vez o título continental no arco recurvo (composto por lâmina, punho e corda). O Pan também terá novidades, como a inclusão da prova do arco composto (cada uma das lâminas possui uma alavanca em suas extremidades), que terá a participação de Bruno Brassaroto e Gisele Meleti. Todos os representantes do tiro com arco brasileiro em Lima recebem o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta do governo federal.

"O Pan garante só uma vaga olímpica, que será do campeão individual e por equipe mista. O nosso foco é ganhar. Estamos treinando para isso, porque além do título, quero a vaga para Tóquio. É para isso que a gente está trabalhando, pois é uma missão que sabemos que podemos alcançar", explicou.

Marcus Vinícius vai entrar em ação na fase classificatória do individual em 7 de agosto, às 10h30. As provas de tiro com arco seguem até o dia da cerimônia de encerramento, dia 11. O caminho até o título inédito não será fácil. Os brasileiros terão que evitar os norte-americanos nas primeiras rodadas, potência continental e que têm hegemonia histórica da modalidade, com 98 medalhas no total: 53 ouros, 37 pratas e 8 bronzes. Se não garantir a vaga olímpica em Lima, os brasileiros terão outra oportunidade para carimbar o passaporte para o Japão.

"Se não conseguir a vaga agora, temos a repescagem continental que garante três vagas individuais. Não sei exatamente a data, mas teremos outra oportunidade de garantir um lugar na Vila Olímpica", revelou.

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Marcus Vinícius e os outros sete representantes da modalidade em Lima são integrantes do Bolsa Atleta. Foto: rededoesporte.gov.br

Lições Olímpicas

Os Jogos Rio 2016 ensinaram o jovem a ter paciência, calma na hora do trabalho e, principalmente, foco nos treinamentos. Marcus Vinícius teve que repensar o planejamento. Foi para o outro lado do mundo em busca de evolução técnica. Começou a treinar na Coreia do Sul, com apoio e suporte técnico. No Brasil, o time nacional contou com o reforço do técnico estrangeiro Jorge Carrasco, de Cuba. Ele acompanha os treinamentos de campo da seleção no Centro de Treinamento de Maricá, no Rio de Janeiro.

"Eu era muito novo, 18 anos, quando disputei os Jogos do Rio 2016. Eu sabia que não iria ser fácil, tinha muita pressão e expectativa. Fiz o que pude, fiz o melhor naquele momento e aprendi bastante no sentido de perder. Com a chegada do treinador novo, a equipe está treinando em conjunto e a minha avaliação é que está sendo muito importante para o nosso crescimento. Tudo isso para ter uma equipe bem forte no Pan", avaliou.

Em Lima, o principal objetivo do Comitê Olímpico do Brasil (COB) é classificar o maior número de atletas e modalidades para Tóquio 2020. Ao todo, 22 modalidades esportivas distribuirão vagas para os Jogos Olímpicos ou contarão pontos para o ranking mundial, classificatório para Tóquio: atletismo, badminton, basquete, saltos ornamentais, hipismo saltos, hipismo adestramento, hipismo CCE, hóquei – em que o Brasil não estará na disputa -, karatê (kata), karatê (kumitê), nado artístico, natação, pentatlo moderno, levantamento de pesos, surfe, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tiro esportivo, tiro com arco, vela e polo aquático.

Entenda a modalidade

O tiro com arco é uma modalidade que tem como principal objetivo acertar o alvo com o máximo de precisão possível, sendo que o equipamento utilizado para a prática é o arco e a flecha. O alvo da disputa é feito normalmente de papel simples ou de material sintético. O desenho apresenta uma sequência de anéis, cada um com uma determinada pontuação, identificado pelas cores amarelo (10 e 9 pontos), vermelho (8 e 7 pontos), azul (6 e 5 pontos), preto (4 e 3 pontos) e branco (2 e 1 ponto). Nos Jogos Pan-Americanos, os arqueiros disparam 72 flechas. A partir disso, a posição de cada flecha lançada pelo atleta determina a pontuação na competição.

Breno Barros – Rededoesporte.gov.br