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Atletismo paralímpico

19/05/2016 22h37

No Engenhão

Inspirado por Yohansson e Alan, Petrúcio quer fazer história na Paralimpíada

Jovem atleta paraibano venceu o evento-teste na classe T47. Yohansson ficou com a prata. Na T44, Alan foi o melhor, e os três estarão juntos no revezamento no Rio 2016

Yohansson Nascimento (E) e Petrúcio Ferreira comemoram o resultado no evento-teste. Foto: Miriam Jeske/brasil2016.gov.br

O dia 2 de setembro de 2012 entrou para a história do atletismo paralímpico e acabou marcando também a trajetória de três velocistas brasileiros. Nos Jogos Paralímpicos de Londres, diante de um Estádio Olímpico lotado, o jovem Alan Fonteles, então com 20 anos, surpreendeu o mundo ao vencer, nos 200m, o favoritíssimo Oscar Pistorius, sul-africano que vinha da disputa dos Jogos Olímpicos correndo com próteses. Cerca de 20 minutos antes, o também brasileiro Yohansson Nascimento também tinha levado o ouro. E a milhares de quilômetros dali, na pequena cidade de São José do Brejo da Cruz, interior da Paraíba, o adolescente Petrúcio Ferreira ganhava dois ídolos, sem saber que em breve teria também dois conselheiros.

Nesta quinta-feira (19.05), no segundo dia do Open Internacional de Atletismo Paralímpico, evento-teste da modalidade para o Rio 2016, os três mostraram que podem brilhar juntos nos Jogos Paralímpicos, em setembro. Logo após ganhar o ouro nos 100m em sua classe, a T43, com a marca de 11s49, Alan Fonteles parou as entrevistas para assistir a disputa de Yohansson e Petrúcio nos 100m da T47.

A vitória de Petrúcio - que fez 10s85, melhor marca dele em 2016, impressionou Alan. Yohansson correu para 10s95 e ficou com a prata. “O Petrúcio é um moleque novo, que corre bem para caramba, corre fácil. É um cara que está aí junto comigo, jovem também, e sem dúvida a gente vai dar muita alegria para o Brasil”, previu o campeão paralímpico dos 200m.

Alan Fonteles (D), que foi inspiração para Petrúcio, agora é companheiro de seleção. Foto: Miriam Jeske/brasil2016.gov.br

Para Petrúcio, a relação é aprendizagem e inspiração. “Um dos primeiros atletas paralímpicos que eu assisti correr, vendo as reportagens, foi o Alan Fonteles. Até me deu motivação quando iniciei no esporte. Eu brincava: ‘Se ele não tem as duas pernas e corre deste jeito, eu também consigo'”, lembrou. Aos 19 anos, ele vai disputar os Jogos Paralímpicos pela primeira vez. E dois companheiros de seleção brasileira são fundamentais para espantar o nervosismo. “Tanto o Alan quanto o Yohansson me dão um pouco de experiência, porque sou novato. Eles me ajudam a descontrair, porque às vezes eu fico tenso, e eles começam a brincar comigo e fica bem legal essa interação”, explicou.

Mais velho do grupo, Yohansson Nascimento, hoje com 28 anos, compete na mesma categoria que Petrúcio, mas diz que não trata o colega como rival. “É uma relação de amizade. Eu sou de Maceió, ele da Paraíba. Eu passo a experiência que tenho nesses 11 anos de atletismo. A gente já competiu em várias provas juntos. Isso aqui hoje é uma amostra do que vai ser a final nas Paralimpiadas. Eu me considero um dos favoritos para ganhar a medalha e ele também é um dos favoritos. Mas que a medalha de ouro fique em casa. Independentemente de ser comigo ou com ele, vou ficar feliz”, contou.

Da esquerda pra direita: Emicarlo Souza, Yohansson Nascimento, Antônio Souza e Alan Fonteles após a prova do revezamento 4x100m em Londres. Agora Petrúcio integra o time. Foto: Buda Mendes/Getty Images

Para fazer história em casa

Os Jogos Rio 2016 podem acabar marcando de vez a vida dos três velocistas. Competindo em casa, diante da torcida brasileira, todos eles têm a oportunidade de fazer história mais uma vez, assim como Alan e Yohansson fizeram em Londres. Os dois ganharam a mesma prova, os 200m, mas em categorias diferentes. Alan venceu na T44 e Yohansson, na T47.

Além das disputas individuais, os três podem conquistar uma medalha no revezamento 4 x 100m, que reúne atletas das classes T42 a T47. Entre os quatro escolhidos para a prova, dois precisam obrigatoriamente ser atletas com deficiência nos braços e dois com deficiência nas pernas. Assim, Petrúcio e Yohansson devem ser os escolhidos, ao lado de Alan Fonteles e um nome ainda não definido. “Um se apoia no outro, um ajuda o outro. A gente vai correr o revezamento junto, então está todo mundo junto”, afirmou Alan. “Na hora do revezamento, somos ainda mais parceiros. E quando a gente ganha uma medalha, ela é dividida por quatro”, resumiu Yohansson.

Recordistas mundiais reconhecem terreno

Entre as mulheres, duas recordistas mundiais venceram os 100m em suas classes e começam a se familiarizar com a nova pista do Engenhão, palco de possíveis quebras de recordes em setembro. Na classe T12 (baixa visão), a cubana Omara Durand ganhou o ouro do evento-teste com a marca de 11s85. O estádio agradou a velocista, e a expectativa é grande para o megaevento.

“Estou me preparando muito para os Jogos Paralímpicos, acho que serão fabulosos, adoro o Brasil, o Rio me encanta, é uma cidade acolhedora. Todas as vezes em que estive aqui me senti bem. A pista está muito boa. E, se acontecer de chover nos Jogos Paralímpicos, já sei como vai ser”.

 

Na classe T11 (totalmente cegos), Terezinha Guilhermina, correndo com o novo guia, Rafael Lazarini, venceu a prova no photo finish (recurso de imagem que reproduz a linha de chegada), já que empatou com a compatriota Lorena Spoladore, ambas com 12s25. Para a recordista mundial, em setembro, a coincidência não vai se repetir.

“Estou treinando muito, estou assimilando coisas novas, para que em setembro possa fazer o melhor da minha vida. Rafael é um anjo, tem nome de anjo. Quero voar com ele, e não mais correr. Este empate técnico veio porque ainda estou trabalhando para meu foco. Em setembro, não terá empate”, apostou.

Neste segundo dia de competições no Open, o Brasil conquistou mais 43 medalhas, sendo 16 de ouro, 12 de prata e 15 de bronze. O país tem, ao todo, até o momento, 60 medalhas (24 ouros, 16 pratas e 20 bronzes). Confira todos os resultados do dia aqui.

Carol Delmazo e Mateus Baeta, brasil2016.gov.br