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Futebol

13/08/2016 02h55

Mineirão

Goleira Bárbara brilha, pega dois pênaltis e coloca Brasil nas semifinais do futebol feminino

Em busca do ouro olímpico inédito, seleção brasileira terá a Suécia pela frente nas semifinais no Maracanã

Foi um teste cardíaco para os mais de 52 mil torcedores que estiveram no Mineirão, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira (12.08). Após um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação contra a Austrália, a vaga para as semifinais dos Jogos Olímpicos Rio 2016 foi definida na disputa de pênaltis. Heroína da partida, a goleira Bárbara pegou duas cobranças e manteve vivo o sonho do inédito ouro olímpico. Na próxima terça-feira (16.08), o time de Vadão segue para o Rio de Janeiro onde enfrenta a Suécia no Maracanã.

A torcida presente no Mineirão, que bateu o recorde de público neste ano no estádio, foi um capítulo à parte neste enredo dramático do jogo contra a Austrália. O apoio foi incondicional mesmo após a craque Marta errar sua cobrança de pênalti. Na coletiva após a partida, a goleira Bárbara destacou o incentivo vindo das arquibancadas. "A torcida fez diferença com certeza. Depois dos 120 minutos a torcida nos levantou e nos deu força para que nós conseguíssemos esse resultado", declarou a camisa 1 do Brasil.

Bárbara defendeu duas cobranças australianas. Foto: Getty Images

Bárbara era a terceira goleira da Era Vadão e, aos poucos, foi conquistando seu espaço. No Mundial do Canadá em 2015, estava no banco. A sua volta ao posto titular do gol brasileiro não foi fácil e incluiu uma falha contra a própria Austrália em amistoso jogado este ano em Fortaleza. "Cheguei como terceira goleira e fui conquistando meu espaço. Hoje posso dizer que sou titular da seleção", lembrou. "Sou uma pessoa que não gosta de errar e hoje, graças a Deus, pude ser abençoada e reverter essa história", afirmou ao ser perguntada sobre o momento da sua defesa na disputa de penalidades.

A arqueira do Brasil revelou que após a cobrança perdida pela Marta, buscou forças para ajudar a capitã e toda a seleção. "Quando ela perdeu o pênalti a responsabilidade cresceu ainda mais para mim. Ela não poderia ser julgada por esse pênalti perdido. Pedi mais força para Deus para enfrentar aquele momento. Fomos iluminadas hoje e conseguimos sair com a vitória", comemorou. A goleira do Brasil também comentou seu gosto por tatuagens e prometeu uma novidade. "Se ganharmos o ouro vou tatuar a medalha".

O técnico Vadão adotou a cautela para falar do próximo adversário, que já foi goleado pelo Brasil por 5x1 na primeira fase do Jogos. "Antes de começar a competição, sempre disse que as divisões do grupo foram equilibradas e que das 12 seleções, oito tem condições de ganhar a medalha de ouro", analisou. "O favoritismo não traz peso, temos um trabalho com o psicólogo e estamos muito bem equilibrados neste sentido".

Vadão elogiou a iniciativa de o Brasil ter uma seleção permanente de futebol feminino e classificou como fundamental para o condicionamento físico e tático da equipe. Por fim, deixou uma mensagem sobre a penalidade desperdiçada pela craque Marta. "O fato de ela ter perdido o pênalti mostra que Deus está do nosso lado, pois classificamos".

O jogo

Nos primeiros minutos de partida a seleção brasileira foi pressionada por uma forte marcação da Austrália. O Brasil, que jogava com o desfalque da atacante Cristiane, que se recupera de uma contusão, quase levou gol aos 15min, quando um cruzamento da Austrália quase entrou direto para a meta da Bárbara. No lance seguinte, foi a vez do Brasil levar perigo. Debinha chutou forte de fora da área para bela defesa da goleira Williams. Aos 20, Simon recebeu bola no bico da grande área e chutou cruzado quase abriu o placar para a Austrália. Aos 20, após escanteio da Marta, Formiga emendou um belo sem-pulo que passou perto do travessão. O jogo seguia muito equilibrado e, aos 27, Kennedy quase marcou para Austrália depois de receber belo passe de cabeça. Aos 29, foi a vez do Brasil levantar a torcida. Após boa jogada de Formiga, Thaisa recebeu na meia-lua e chutou fraco. Aos 43, Debinha recebeu na entrada da área, driblou a última zagueira da Austrália, mas chutou por cima do gol.

Fotos: Getty Images

Com 0 x 0 no placar, as seleções voltaram para a segunda etapa em busca do gol. Aos 3 minutos, Andressa Alves recebeu na área, bateu de perna esquerda e obrigou difícil defesa de Wlliams. Aos 5, Andressa Alves puxou contra-ataque, entrou na área e cruzou para Beatriz, que foi interceptada pela zagueira adversária no momento da finalização. O jogo seguia com muita marcação e o Brasil buscando o gol, principalmente com Andressa Alves que, aos 28 min, recebeu lindo cruzamento de Rafaelle, avançou na área e finalizou para fora. O Brasil dominava o jogo e envolvia ase, aos 36 min, Beatriz cabeceou com perigo. Aos 40 minutos, a australiana Logarzo chutou de longe e acertou o travessão da goleira Bárbara. O Brasil seguiu pressionando e, aos 43 min, a goleira australiana fez milagre em finalização de Beatriz de dentro da pequena área. O empate sem gols levou o jogo para a prorrogação.

Aos 3 minutos do tempo extra, Gorry chutou a bola na rede pelo lado de fora. Aos 10, Marta arriscou de fora da área e parou nas mãos da goleira da Austrália. No segundo tempo da prorrogação, Andressa Alves bateu falta perigosa para o Brasil, mas mandou por cima do gol. As meninas da seleção seguiam no ataque, mas sofriam com as investidas das australianas. Aos 8 do segundo tempo, a Austrália quase marca após rápido contra-ataque. Aos 13, Marta fez jogada genial, avançou pela ponta esquerda, entrou na área e chutou forte para outra grande defesa de Williams, um dos nomes do jogo. O empate levou o jogo para a temida disputa de pênaltis. E aí, brilhou a goleira Bárbara, que pegou duas penalidades e colocou o Brasil nas semifinais dos Jogos Olímpicos.

Veja o momento do último pênalti

Primeira vez

Muitos torcedores que foram ao Mineirão nesta sexta-feira tiveram, pela primeira vez, experiências marcantes. O casal de professores Wendel Machado Xavier e Paula Zumpano é fanático por futebol. Ele é torcedor do Cruzeiro e ela, do Atlético Mineiro. Em três anos de casamento, foi a primeira que foram ao estádio cada um com a camisa de seu time de coração. "Sempre vamos acompanhar um ao outro nos jogos, mas só um vai com a blusa. Hoje, nós dois estamos aqui para apoiar, juntos, a seleção brasileira", disse Wendel. Para eles, as meninas do Brasil merecem mais atenção por tudo que fazem e já fizeram pelo país. "Elas estão fazendo bonito nas Olimpíadas e merecem todo o sucesso que conquistaram", afirmou Paula.

Perto dali, na esplanada do Mineirão, oito amigos faziam a festa enquanto aguardavam a bola rolar. Eles nunca estiveram em um jogo de futebol feminino e estavam radiantes com a chance de ver de perto as brasileiras e, especialmente, a maior estrela do Brasil. "Estamos muito animados de poder ver a seleção e a Marta, que foi a melhor do mundo por várias vezes", disse a estudante Mariana dos Reis. Para ela, o clima olímpico contagiou os mineiros e muitos foram para o estádio cantando e festejando. "É um momento de integrar todo mundo. É uma oportunidade única", comentou.

Wendel e Paula estiveram juntos no Mineirão pela primeira vez nesta sexta. Foto: Rafael Brais/ brasil2016.gov.br

Rafael Brais, de Belo Horizonte - brasil2016.gov.br