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Esgrima

15/08/2016 00h24

Homenagem

Esgrimista brasileiro recebe prêmio internacional por Fair Play

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Guilherme Murray recebeu o prêmio internacional de fair play por atitude honesta durante torneio em 2014. Foto: Ivo Lima/ME
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Ministro do Esporte, Leonardo Picciani, durante evento em que o atleta da esgrima Guilherme Murray foi homenageado por atitude de fair play. Foto: Ivo Lima/ME
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Evento rendeu homenagem aos 11 atletas de Israel mortos em consequência de um atentado terrorista realizado durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. Foto: Ivo Lima/ME
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O jovem esgrimista brasileiro Guilherme Murray, de 14 anos, recebeu neste domingo (14.08), na Casa Brasil, no Rio de Janeiro, o Diploma Mundial de Fair Play, na categoria juventude. A honraria foi concedida ao atleta pelo Comitê Internacional para o Fair Play, por conta de uma atitude tomada por Guilherme quando disputava o campeonato Panamericano da modalidade, em Aruba, no Caribe, em 2014.

"Eu pretendo levar esse prêmio pelo resto da vida, para que isso possa ser usado como exemplo no futuro, até por outros atletas que passem a incentivar o Fair Play"
Guilherme Murray

Na época, Guilherme, com 12 anos, participava das oitavas de final de florete, quando recebeu um ponto por um toque que não tinha acontecido. Sabendo disso, ele alertou o árbitro de que não havia tocado o adversário com sua arma. A atitude fez o juiz rever a decisão, tirando o ponto indevido do brasileiro, que acabou perdendo a disputa.

Guilherme Murray recebeu o Diploma Mundial de Fair Play das mãos do ministro do Esporte, Leonardo Picciani. "Eu pretendo levar esse prêmio pelo resto da vida, para que isso possa ser usado como exemplo no futuro, até por outros atletas que passem a incentivar o Fair Play, para que o Fair Play fique cada vez mais presente no esporte", disse o atleta.

De acordo com Leonardo Picciani, a honestidade demonstrada por Guilherme é um exemplo para todas as pessoas, sejam atletas ou não. "As pessoas devem seguir o exemplo de que a vitória deve vir pelo mérito, pelo esforço e dentro das regras. Acho que não poderia ter hora melhor do que nesse momento em que o Rio sedia os Jogos Olímpicos para celebrarmos esse exemplo", comentou o ministro.

A atitude tomada por Guilherme também foi comemorada pela familia. A mãe do jovem disse que a postura adotada por ele a fez se sentir realizada. "Eu fico orgulhosa, com aquele sentimento de que a gente passou o que deveria ter passado. Eu fico orgulhosa também porque acho que isso para o Guilherme vai ser algo que ele nunca vai esquecer, ele vai ter como exemplo pelo resto da vida", comemorou.

O presidente do Comitê Internacional para o Fair Play, Jeno Kamutti, que estava presente na cerimônia, enfatizou que não é preciso ter experiência para jogar limpo. "Ele é um atleta novo. É um exemplo para a própria geração e para as futuras. O Fair Play é algo que vem de dentro do atleta e ele já carrega isso desde cedo", comentou.

Ao fim da cerimônia, Guilherme Murray, que já foi campeão brasileiro e sul-americano infantil, garantiu que tem trabalhado duro e treinado bastante para um dia representar o Brasil em uma edição de Jogos Olímpicos.

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Evento rendeu homenagem aos 11 atletas de Israel mortos em consequência de um atentado terrorista realizado durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. Foto: Ivo Lima/ME

Homenagem a israelenses

Antes do evento na Casa Brasil, o ministro Leonardo Picciani participou de uma homenagem aos 11 membros da delegação olímpica de Israel que foram assassinados em um atentado terrorista durante as Olimpíadas de Munique, em 1972. A solenidade foi no Palácio da Cidade, na zona sul do Rio de Janeiro.

Na época, membros do grupo terrorista palestino Setembro Negro invadiram as instalações onde os israelenses estavam hospedados na cidade alemã e os fizeram reféns. A tentativa de resgate, mais tarde, no aeroporto da cidade, foi mal sucedida e todos os reféns morreram. 

A tragédia não pode ser apagada da história dos Jogos Olímpicos, mas há tentativas e esforços para que o maior evento esportivo do mundo seja sempre sinônimo de tolerância e união entre os povos. A solenidade no Palácio da Cidade, que teve por objetivo render as honras a esses atletas cujas vidas foram interrompidas, contou com a presença de autoridades e de parte da delegação israelense que disputa os Jogos Rio 2016.

"As Olimpíadas são carregadas de simbolismos e essa foi uma página triste da história. Essa cerimônia cumpre o papel de lembrar o fato trágico ocorrido nos Jogos de Munique, mas também de mandar uma mensagem ao mundo para que isso não se repita", disse Leonardo Picciani. "É importante homenagear esses atletas que tiveram as vidas tiradas pela intolerância, pela falta de diálogo e cultivar justamente o oposto. Precisamos cultivar a paz", completa o ministro.

Integração

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, considerou o ato como um sinal de avanço em busca de um futuro melhor. "A homenagem a essas pessoas que foram assassinadas é um dever nosso. Foram mortas pelo fanatismo, pelo terrorismo. Temos todos que nos perfilar homenageando-os, porque isso significa chegar ao ponto mais essencial das Olimpíadas, que é a integração de todos os povos pacificamente como algo que sinaliza um futuro melhor para toda a humanidade".

Nesta semana, o judoca egípcio Islam el Shehaby se recusou a cumprimentar o adversário israelense, OrSasson. Após a luta, Sasson se aproximou do rival, que rejeitou o aperto de mão. A atitude foi prontamente repudiada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e por outras autoridades. "Eu acho lamentável. A Olimpíada é um momento de celebração da paz, de confraternização entre os povos e o espirito olímpico deve ser transmitido a todo mundo", afirmou Leonardo Picciani.

Também estiveram presentes na solenidade a ministra de Cultura e Esporte de Israel, Miri Regev, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, e o presidente do Comitê Olímpico Internacional(COI), Thomas Bach.

Em um breve pronunciamento, Bach prestou condolências e homenagem aos mortos e declarou que os Jogos Olímpicos são uma reafirmação da vida. "O terror não vencerá", sintetizou o presidente do COI.

João Paulo Machado e Valéria Barbarotto, Brasil2016.gov.br