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Atletismo

06/08/2016 20h38

Judô

Em dia ruim, medalhistas de Londres Sarah Menezes e Felipe Kitadai ficam fora do pódio

Brasileiros caíram nas quartas de final e seguiram para a repescagem, mas acabaram apenas com o sétimo lugar. Lesionada, piauiense precisou ser atendida e passará por exames

O público bem que ajudou, mas nem os fortes gritos de incentivo dos brasileiros presentes na Arena Carioca 2 conseguiram superar a força da cubana Dayaris Mestre Alvarez. Foi diante dela, nas quartas de final, que Sarah Menezes (-48kg) deu adeus, neste sábado (07.08), ao sonho do bicampeonato olímpico e do ouro dentro de casa. A brasileira até seguiu para a repescagem, mas acabou sofrendo uma lesão no cotovelo direito que não a permitiria avançar para a disputa do bronze. No masculino, Felipe Kitadai (-60kg) também caiu das quartas e não se recuperou na repescagem.

Fotos: Roberto Castro/ brasil2016.gov.br

Sarah estreou no Rio de Janeiro reencontrando a belga Charline Van Snick, a mesma rival que derrotou na semifinal em Londres-2012. Novamente a piauiense levou a melhor. Com um yuko após 1min29s de luta, Sarah precisou apenas administrar a vantagem. Faltando 21 segundos para o tempo acabar, o árbitro chegou a dar um segundo yuko para a campeã de Londres-2012, mas em seguida retirou a pontuação, sob vaias do público. Ainda assim, a brasileira venceu a rodada e seguiu para as quartas de final.

A anfitriã até resistiu às duras e perigosas investidas de Dayaris, mas acabou punida no primeiro minuto de combate. Da arquibancada, o gestor técnico de alto rendimento Ney Wilson mantinha as mãos cruzadas no rosto, com os cotovelos apoiados nos joelhos. Mesmo com a desvantagem, Sarah insistiu nos golpes, mas não conseguiu pontuar. A cubana manteve a pressão e, por apenas um shido, a brasileira foi derrotada.

“A Sarah tinha vencido a cubana no Pan-Americano com uma certa facilidade, mas hoje ela lutou errado taticamente. Como a cabeça de chave era a espanhola (Julia Figueroa), talvez ela tenha focado muito nela, e a espanhola perdeu da cubana”, argumenta Wilson. “Ela foi surpreendida logo no começo. Entrou equivocada na forma de segurar o quimono. Deveria ir com as duas mãos e estava dando uma mão de cada vez”, explica.

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Sarah (de azul) foi derrotada pela atleta da Mongólia, líder do ranking e campeã mundial em 2013. Foto: Roberto Castro/ brasil2016.gov.br

Mesmo após a derrota, a brasileira ainda teria uma segunda chance na repescagem. Precisava vencer a mongol Urantsetseg Munkhbat, líder do ranking e campeã mundial em 2013, para seguir viva na competição e brigar pelo bronze. Com um shido para cada lado, Munkhbat insistia em chaves de braço na brasileira. Nos últimos segundos do tempo regulamentar, Sarah aguentou a torsão imposta pela rival para poder levar a luta ao golden score. Naquele momento, contudo, seu braço já estava comprometido.

“Ela relatou a sensação de que o cotovelo saiu do lugar. Ela mesma recolocou”, conta o médico da seleção Mateus Saito. Lesionada, Sarah tentou seguir no confronto, mas uma nova investida da mongol, em uma segunda chave no mesmo braço, a obrigaria a bater e desistir da luta. Derrotada e com dor, a brasileira ficou estendida no tatame e precisou de assistência médica. “Ela foi atendida no local e depois encaminhada para a policlínica da Vila Olímpica para fazer mais exames e determinar qual é a lesão”, acrescenta Saito.

Segundo Ney Wilson, mesmo em caso de vitória na repescagem, a lesão não permitiria que Sarah Menezes entrasse para uma disputa de bronze. “Ela brigou até onde dava. A gente viu a imagem e o braço dela virou bastante”, destaca. “A gente esperava que ela pudesse sim chegar à medalha. Ela tinha todas as condições”, lamenta.

Ippon duvidoso

O dia de zebra para o Brasil na estreia do judô não parou por aí. Bronze em Londres-2012, Felipe Kitadai viveu um caminho similar ao de Sarah Menezes: caiu nas quartas e não conseguiu reverter o quadro a seu favor na repescagem. “Estou feliz de ter participado, dado meu máximo e sair sem me machucar”, afirmou, após a derrota, com os olhos cheios d’água.

No primeiro confronto, o brasileiro deixou a torcida eufórica. Diante do francês Walide Khyar, Kitadai estava em desvantagem na diferença de punições quando, faltando apenas seis segundos para o término do tempo, conseguiu um yuko para levantar o público da arena, vencer a disputa e ainda ver o rival reclamar bastante. “Com certeza a torcida ajudou. Eu cresci”, aponta.

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Felipe Kitadai (de branco) deixou a luta pela medalha ao perder para o uzbeque Urozboev. Foto: Roberto Castro/ brasil2016.gov.br

Já diante do alemão Tobias Englmaier, o coração do torcedor brasileiro sofreu um pouco menos. Kitadai marcou um yuko logo no início do confronto, pontuação que o manteria na vantagem até o final. Ao som de uma contagem regressiva da plateia, o brasileiro confirmou a vaga nas quartas de final.

Nessa etapa, contudo, ele precisaria enfrentar Orkhan Safarov, do Azerbaijão, vice-líder do ranking mundial. Bem mais baixo, Kitadai não foi páreo para o campeão do World Masters do último mês de maio, e acabou levando um ippon aos 2min55s de luta. “Foi muito rápido. Eu estava numa situação muito boa, crescendo e, em menos de um segundo, a luta virou e eu perdi”, lamenta. “Ele é um atleta predominantemente canhoto e fez um golpe para a direita”, justifica.

Sem vaga na final, Kitadai seguiu, à tarde, para a repescagem contra o uzbeque Diyorbek Urozboev, precisando da vitória para seguir na competição e tentar repetir o bronze de 2012. Na ocasião, há quatro anos, o brasileiro também havia caído nas quartas de final. Desta vez, contudo, o judoca amargou uma nova derrota com um ippon no último minuto do confronto e que acabou bastante questionado.

“Eu não senti que ele foi fazer o golpe, e sim defender o braço”, conta Kitadai, bastante abalado com a eliminação. “Eu preciso rever a imagem, mas acho que não foi ippon. Ele passou a perna para buscar a finalização no braço e estava ainda na posição em pé, mas o árbitro interpretou que aquilo foi uma projeção”, questiona Ney Wilson. “Acho que não foi justo”, completa.

Mesmo sem um novo pódio, Felipe Kitadai agradeceu o apoio do público. “A torcida me acolheu, abraçou, empurrou e ajudou bastante. Fico chateado de não presentear as pessoas com uma medalha, mas com certeza dei meu máximo e não deixei nada para trás”, afirma, acrescentando que ainda terá serviço nos próximos dias. “A minha competição acabou, mas meus Jogos continuam. Tenho como missão pessoal colaborar com meus 12 amigos que estão chegando. Vamos fazer de tudo para ajudá-los da melhor forma possível”, adianta.

Galeria de fotos (disponíveis para uso editorial. Crédito obrigatório: Roberto Castro/ brasil2016.gov.br:

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Comemoração argentina

Enquanto o Brasil ficou longe do pódio, a Argentina viu sua bandeira ser hasteada na arena de judô. Paula Pareto, bronze na edição de Pequim-2008 e campeã mundial no ano passado, levou a medalha de ouro após derrotar na decisão a sul-coreana Bokyeong Jeong por wazari. Assim, a atleta sagrou-se a primeira mulher argentina a faturar o ouro no judô.

“É algo incrível e impensável. É um grande feito para qualquer mulher em seu esporte, principalmente no judô, que sempre foi marcado pelo masculino”, comemora a atleta, muito abraçada por parentes e amigos nas arquibancadas. “Foi importante ganhar aqui, em um país vizinho, porque muitos amigos puderam vir e dividir essa emoção comigo. Muitos brasileiros também me apoiaram e fiquei especialmente feliz com isso”, acrescenta.

A judoca, que também é médica, fez questão de reforçar que é possível estudar e ser atleta ao mesmo tempo. “Sei que posso ser uma imagem a seguir para muitos que abandonam o esporte ou os estudos. Com tempo e vontade, dá para fazer as duas coisas”, acredita.

Os bronzes da categoria foram conquistados por Otgontsetseg Galbadrakh, do Cazaquistão, e por Ami Kondo, do Japão. No masculino, o ouro ficou com o russo Beslan Mudranov, vice-campeão mundial em 2014. A prata foi para Yeldos Smetov, do Cazaquistão, e os bronzes para o japonês Naohisa Takato e o uzbeque Diyorbek Urozboev.

Confiança inabalável

Após ver dois medalhistas olímpicos do Brasil deixando os tatames com o sétimo lugar, o gestor técnico reconheceu: “O dia de hoje foi realmente ruim”. Para Ney Wilson, contudo, o país ainda tem “muita munição para queimar” nos próximos seis dias de disputas do judô. “A confiança na equipe é inabalável”, garante.

Até a próxima sexta-feira (12), outros 12 brasileiros ainda lutarão nos tatames da Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra. Neste domingo (8) será a vez de Érika Miranda (-52kg) e Charles Chibana (-66kg). A brasiliense estreia contra Hela Ayari, da Tunísia, enquanto o paulista enfrentará, logo de cara, o japonês tricampeão mundial Masashi Ebinuma. As eliminatórias começam sempre às 10h. Quem avançar na competição volta às lutas no bloco da tarde, a partir das 15h30.

Programação

Domingo (7.8)
Érika Miranda (-52kg)
Charles Chibana (-66kg)

Segunda-feira (8.8)
Rafaela Silva (-57kg)
Alex Pombo (-73kg)

Terça-feira (9.8)
Mariana Silva (-63kg)
Victor Penalber (-81kg)

Quarta-feira (10.8)
Maria Portela (-70kg)
Tiago Camilo (-90kg)

Quinta-feira (11.8)
Mayra Aguiar (-78kg)
Rafael Buzacarini (-100kg)

Sexta-feira (12.8)
Maria Suelen Altheman (+78kg)
Rafael Silva (+100kg)

Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br