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Volei paralímpico

17/09/2016 19h49

Vôlei sentado

Dois abraços e uma medalha: Brasil faz história com bronze inédito no vôlei sentado feminino

Gesto entre o técnico José Guedes e a levantadora Gizele, antes e depois da vitória por 3 sets a 0 sobre a Ucrânia, marcam primeiro pódio brasileiro na modalidade

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Abraço coletivo: Brasil comemora na quadra a primeira medalha paralímpica do vôlei sentado. Foto: Francisco Medeiros/Brasil2016.gov.br

Antes de o jogo começar, o técnico José Guedes cumprimentou uma a uma as jogadoras da seleção brasileira de vôlei sentado. Parou na frente da levantadora Gizele e deu um longo abraço na camisa 3 do Brasil. Depois, não precisou de palavras para se comunicar com a atleta. Com o dedo indicador, apontou para a própria cabeça, sinalizando onde estava a chave para a vitória brasileira. E ela veio. Com o placar de 3 sets a 0 (25/12, 25/22 e 25/20) sobre a Ucrânia, o Brasil fez história neste sábado (17.09), no Pavilhão 6 do Riocentro, e conquistou a primeira medalha paralímpica do país na modalidade.

Depois do último ponto, José Guedes e Gizele se encontraram novamente e repetiram o abraço que tinham compartilhado pouco mais de uma hora atrás. Também gritaram e pularam. Tudo para comemorar o pódio no Rio 2016.

“É algo que a gente vem trabalhando com a Gizele. Ela tem um potencial técnico e uma habilidade muito grandes. Tenho cobrado muito dela não a qualidade técnica, mas um pouco mais de paciência e cabeça. E foi o que ela fez hoje, uma partida impecável. Elas são merecedoras dessa conquista”, destacou o treinador.

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Gizele (camisa 3) e José Guedes (ao lado dela) comandam a festa brasileira após a vitória sobre a Ucrânia. Foto: Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB

Em quadra, Gizele regeu a equipe brasileira com a técnica e a qualidade que José Guedes exaltou. Uma partida praticamente perfeita e fundamental para o resultado histórico para o vôlei sentado brasileiro.

“Foi um dia em que tudo que a gente treinou durante os últimos quatro anos a gente executou na quadra. Esse lance de inteligência não é só meu, tem um monte de gente por trás. Se não tiver um saque e um passe bom, o levantamento e o ataque não saem bons. Foi todo um conjunto maravilhoso da obra. Estamos muito felizes e fazendo história hoje”, comemorou a levantadora. “É minha primeira medalha e minha primeira Paralimpíada. É o sonho de qualquer atleta estar aqui. É o maior evento do planeta. Uma sensação que não consigo descrever agora”, disse sorrindo.

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Gizele comandou a equipe e contou com a ajuda dos 22 pontos de Janaína para conquistar o pódio inédito. Foto: Francisco Medeiros/Brasil2016.gov.br

Se Gizele atuou como maestra da seleção brasileira, a atacante Janaína foi quem mais aproveitou os levantamentos da companheira. Foram 22 pontos na partida, sendo 17 de ataque, três de bloqueio e dois de saque. Além disso, a camisa 10 foi fundamental com 12 defesas contra as ucranianas. Para ela, a medalha de bronze no Rio 2016 é apenas o começo da caminhada brasileira na modalidade.

“Agora é rumo à medalha de ouro”, afirmou Janaína, referindo-se aos Jogos de Tóquio 2020. “Foi um jogo quase perfeito, ainda temos que acertar algumas coisinhas, mas o importante é a medalha no peito. É a segunda Paralimpíada de que o Brasil participa e ficar no pódio é maravilhoso”, festejou a atacante, lembrando que a estreia ocorreu quatro anos atrás, nos Jogos de Londres 2012, onde o país terminou em quinto lugar no feminino.

Sétimo jogador

Contra a Ucrânia, a seleção brasileira contou com um jogador a mais para fazer história. O sétimo atleta do time da casa não estava em quadra e não tocou na bola, mas fez a diferença com muito barulho na arena, praticamente lotada para a decisão do terceiro lugar.

“Nunca havíamos tido uma torcida tão grande quanto essa, ajudando a gente a cada ponto, vibrando. É como se fosse o sétimo jogador em quadra mesmo. Uma delícia”, comentou Gizele. “Foi importante porque o time da Ucrânia é muito experiente. A gente vem tentando ratificar essas vitórias faz tempo e a torcida só nos impulsionou”, agradeceu Janaína.

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Torcida lotou o Pavilhão 6 do Riocentro e incentivou as atletas do Brasil o tempo todo. Foto: Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB

Agora é com eles

Com a primeira medalha assegurada no vôlei sentado, o Brasil poderá dobrar o número de pódios nos Jogos Rio 2016 neste domingo (18), às 9h30, novamente no Pavilhão 6 do Riocentro. O obstáculo no caminho até o bronze será o Egito. As duas equipes se enfrentaram pela fase de grupos, com vitória dos egípcios por 3 x 2, em um jogo cheio de altos e baixos. A decisão do ouro será mais tarde, às 12h, entre Bósnia e Irã.

Vagner Vargas – Brasil2016.gov.br