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05/02/2019 11h08

Esporte Paralímpico

Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo prevê quase 300 eventos em 2019

Entre as prioridades do CPB para o ano estão manter a hegemonia nos Jogos Parapan-Americanos e investir na renovação das seleções para os ciclos de 2024 e 2028

Principal legado de infraestrutura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o Centro de Treinamento de São Paulo terá agenda repleta em 2019. Segundo o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, estão previstos quase 300 eventos no equipamento esportivo que tem espaço para a prática em alto rendimento de 15 modalidades que integram ou já fizeram parte do programa paralímpico.

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Piscina coberta com dimensões olímpicas e arquibancada para mil pessoas é um dos destaques do CT. Foto: Daniel Zappe/CPB/MPIX

"Ano passado foram mais de 260 eventos e neste ano serão praticamente 300, de todas as naturezas: estaduais, regionais, nacionais e internacionais. É um desafio, mas traz grandes oportunidades"
Mizael Conrado,
presidente do CPB

"Cada ano é mais desafiador. Ano passado foram mais de 260 eventos e neste ano serão mais de 290, praticamente 300 eventos de todas as naturezas: estaduais, regionais, nacionais e internacionais. É um desafio, mas traz grandes oportunidades. São oportunidades para o surgimento de novos atletas. Um calendário assim é importante para que nossos atletas estejam em competições de alto nível o tempo todo", afirmou Conrado, pouco depois de uma visita ao Secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Marco Aurélio Vieira, nesta segunda-feira (04.02).

O ano de 2019 é visto como estratégico no calendário paralímpico. Os Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, e os Mundiais de diversas de modalidades definem a maioria das vagas para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, no Japão, em 2020. Para o evento continental, a pretensão do CPB é manter a hegemonia, já que o Brasil foi o campeão nas últimas três edições da competição: Toronto 2015 (Canadá), Guadalajara 2011 (México), e Rio 2007. Os Jogos de Lima serão de 23 de agosto a 1º de setembro e vão reunir cerca de 1.890 atletas, de 33 países, em 17 esportes.

A ideia do CPB é levar uma equipe com cerca de 300 atletas, maior que a de 272 que que estiveram nos Jogos de Toronto. A delegação total estimada será de 480 pessoas. Há quatro anos, o Brasil conquistou 257 medalhas, com 109 de ouro, 74 de prata e 74 de bronze. "A intenção é levar força máxima, ter à disposição os melhores atletas e equipes e novamente alcançar o topo do quadro geral de medalhas", disse Mizael.

A Paralimpíada Escolar é um dos eventos mais propícios para pinçar novos talentos. Foto: CPB/MPIX

Categorias de base

Além do curto prazo, o CPB tem entre as prioridades o investimento nas categorias de base, de olho em formar a geração que vai representar o Brasil nos ciclos para os Jogos Paralímpicos de 2024 (Paris, na França) e de 2028 (Los Angeles, nos EUA).

"Agora temos uma escolinha de formação no CT, com mais de 500 matriculados. Já realizamos um festival em 48 cidades, com participação de mais de sete mil crianças"
Mizael Conrado

"Vivemos um período de entressafra, já que a partir de 2 de outubro de 2009 (quando o Brasil ganhou o direito de sediar os Jogos Rio 2016) o país começou a trabalhar para formar um grande time em 2016. Com isso, não demos uma atenção especial à base para que a gente tivesse uma sucessão natural dos grandes atletas", avaliou.

"Isso não vai acontecer para os próximos ciclos. Agora temos uma escolinha de formação no CT, com mais de 500 matriculados. Já realizamos um festival em 48 cidades, com participação de mais de sete mil crianças. Teremos um programa de desenvolvimento sustentável para os próximos ciclos", disse o dirigente, campeão paralímpico no futebol de cinco (para deficientes visuais) nos Jogos de Atenas (2004) e de Pequim (2008) e eleito melhor do mundo na modalidade em 1998.

Outro exemplo dessa perspectiva voltada para a base é a segunda edição do Camping Escolar Paralímpico, que teve início em 30 de janeiro e termina nesta terça-feira, 05.02. A ação trouxe 101 jovens talentos pinçados das Paralimpíadas Escolares, com idade entre 12 e 17 anos, para treinos específicos no CT de São Paulo. Eles tiveram contato com a rotina de treinos do esporte de alto rendimento em esportes como natação, atletismo, futebol de 7, futebol de 5, goalball, judô, vôlei sentado, basquete em cadeira de rodas, bocha, tênis em cadeira de rodas e tênis de mesa.

Recorde como foi a participação brasileira no Parapan de Toronto, em 2015

Estrutura de ponta

Inaugurado oficialmente em 23 de maio de 2016, o Centro de Treinamento Paralímpico fica ao lado do quilômetro 11,5 da Rodovia Imigrantes, em São Paulo, e ocupa uma área de 95 mil metros quadrados. Conta, por exemplo, com piscina coberta com dimensões olímpicas e arquibancada para mil torcedores, ginásio multiuso frequentemente usado para goaball, basquete em cadeira de rodas e badminton, campos de futebol de cinco (para deficientes visuais) e de futebol de sete (paralisados cerebrais).

O atletismo tem à disposição uma pista de certificação 1 da Federação Internacional de Atletismo e arquibancada para mil torcedores, além de pista indoor para aquecimento. Completam a estrutura do CT as quadras de tênis em cadeiras de rodas, os espaços especificamente desenhados para bocha, judô, tênis de mesa, halterofilismo e taekwondo, além das áreas de fisioterapia e regeneração física de atletas.

Ao lado do CT, há ainda um alojamento com 86 apartamentos e capacidade para quase 300 hóspedes, que recebeu mais de 11 mil pessoas em 2018. O investimento total foi de R$ 305 milhões, com 187 milhões do então Ministério do Esporte e o restante do governo de São Paulo. A gestão é feita pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), com 265 funcionários e um custo anual estimado em R$ 30 milhões.

 

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Israel Stroh treina diariamente no CT. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Herança dos Jogos Rio 2016

O CT Paralímpico foi um dos principais herdeiros de equipamentos utilizados nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. O enxoval incluiu bolas de tênis, plataformas de lançamento do atletismo, traves e bolas do goalball, mesas, aparadores e bolinhas do tênis de mesa, bandas laterais do futebol de cinco, bancos de reservas do futebol de sete e material completo do halterofilismo.

"Esse CT acabou com nosso complexo de vira-latas. Antes a gente treinava pensando: 'poxa, os britânicos têm um CT climatizado, mas tudo bem, aqui tá 40ºC, mas vamos lá, a gente é brasileiro e não desiste'. Hoje, não. A gente consegue olhar para eles sabendo que temos as mesmas condições. Isso aqui coloca a gente, esportivamente, no mesmo patamar de todos os adversários", afirmou Israel Stroh, medalhista de prata na chave individual da Classe 7 do tênis de mesa nos Jogos Rio 2016, que treina de forma fixa no CT com a seleção paralímpica da modalidade.

Além do tênis de mesa, as equipes nacionais de atletismo e natação treinam de forma permanente no CT. Outras modalidades frequentam a estrutura algumas vezes por ano em competições, clínicas e campings preparatórios para competições internacionais, casos do futebol de cinco, do goalball, da bocha, do halterofilismo, do futebol de sete, do tênis em cadeira de rodas e do vôlei sentado.

Luiz Roberto Magalhães e Gustavo Cunha - rededoesporte.gov.br