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Judô

18/09/2018 11h58

Baku 2018

Chefe da equipe francesa de judô no Mundial de Baku elogia Mayra Aguiar e Rafaela Silva

Stéphane Traineau explica a ausência do super campeão Teddy Riner, recorda as lutas contra Aurélio Miguel e fala sobre as qualidades das brasileiras. Competição começa nesta quinta

O francês Stéphane Traineau sorri quando descobre que fala com um jornalista do Brasil. "Eu lutei algumas vezes com um ótimo atleta de seu país: Aurélio Miguel", afirma, referindo-se ao campeão olímpico de Seul 1988. "Nós subimos juntos ao pódio em Atlanta 1996", continua Traineau, referindo-se às medalhas de bronze que ele e Aurélio Miguel conquistaram naquela edição olímpica.

O francês Stéphane Traineau: rival de Aurélio Miguel, hoje ele comanda o time masculino e feminino da França. Foto: Luiz Roberto Magalhães/rededoesporte.gov.br
"A (Mayra) Aguiar é uma lutadora de verdade. Muito forte, experiente, e está sempre pronta para um bom dia. É preciso estar bem preparado para lutar contra ela. Sobre a (Rafaela) Silva, ela já foi campeã mundial, campeã olímpica, e agora está livre. Não tem mais pressão. Acho que vai lutar bem este Mundial"
Stéphane Traineau, técnico da seleção francesa de judô

Aos 52 anos, Traineau tem hoje outras responsabilidades. Com a experiência de quem tem duas medalhas olímpicas no currículo (foi também bronze em Sydney 2000) e um título mundial, conquistado em Barcelona, em 1991, o ex-judoca está em Baku como treinador e é responsável pelas equipes masculina e feminina francesas no Mundial na capital do Azerbaijão.

O torneio em Baku reúne 822 atletas, de 133 países. As lutas têm início nesta quinta-feira (20.9), às 10h, no horário local (3h da manhã, no horário de Brasília), no National Gymnastics Arena, com os combates das categorias ligeiro feminino (-48kg) e ligeiro masculino (-60kg). A rodada final, que define os medalhistas, começa sempre às 16h locais (9h, horário de Brasília) e a competição prossegue até o dia 27 de setembro, quando a disputa por equipes mistas fecha o evento.

Entre as mulheres, o Brasil, que participa com 22 atletas, terá no tatame nesta quinta-feira Gabriela Chibana, estreante em Mundiais sênior. Na chave masculina, dois representantes do país entram em ação no primeiro dia do torneio: Eric Takabatake e Phelipe Pelim.

Nesta quarta-feira, a partir das 14h (7h de Brasília), serão realizados os sorteios das chaves e os judocas conhecerão seus rivais na estreia e o que os espera nos próximos cruzamentos. Às 20h, os atletas das categorias ligeiro passarão pela pesagem oficial.

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Stéphane Traineau e Aurélio Miguel durante os Jogos de Londres 2012: encontro 20 anos depois de subirem juntos ao pódio na Olimpíada de Barcelona 1992. Foto: arquivo pessoal

O ano sabático de Riner

A França trouxe para Baku um time com 20 judocas, 10 no masculino e 10 no feminino. Este ano, o país tem, literalmente, um desfalque de peso: o super campeão Teddy Riner, da categoria pesado (+100kg).

Dono de 10 títulos mundiais e de dois ouros olímpicos, em Londres 2012 e no Rio 2016, Riner, invicto desde 2010, decidiu não disputar a edição de 2018 do Mundial, pois se deu de presente um ano de folga das competições.

"Ano passado ele conquistou dois títulos mundiais (World Senior Championship e World Championships Open). Teddy tem dez títulos mundiais e chegar a dez era a meta dele. Agora ele tem apenas uma meta: ser três vezes campeão olímpico", afirma Traineau. "Ele preferiu deixar de competir por um ano. Está treinando sempre, fazendo musculação, nadando, e se preparando para voltar no ano que vem", prossegue o francês.

"Teddy tem dez títulos mundiais e chegar a dez era a meta dele. Agora ele tem apenas uma meta: ser três vezes campeão olímpico"

Para Traineau, seu país terá dois momentos em Baku. No masculino, Cyrille Maret, bronze na categoria pesado (+100kg) no Rio 2016, é o nome mais forte. Mas o treinador frisa que, entre os homens, ainda há um longo caminho a ser trilhado até Tóquio 2020. "O time masculino está em construção. Teddy não está aqui e temos muitos novatos".

Já para a equipe feminina, o treinador está mais otimista. "Para as mulheres, minhas expectativas são altas. Entre elas, podemos ganhar medalhas em qualquer categoria. Claro que é difícil, mas o time francês feminino está pronto. Fez bons treinamentos de campo e todas estão preparadas".

Elogios à Mayra e Rafaela

O técnico francês mostrou um ótimo conhecimento sobre os principais nomes da seleção brasileira que disputam o Mundial em Baku, principalmente em relação às mulheres. A ponto de se encorajar a fazer uma breve análise de duas atletas: a bicampeã mundial e duas vezes medalhista olímpica Mayra Aguiar e a campeã mundial e olímpica Rafaela Silva.

Contagem regressiva para o início do Mundial de Judô em Baku: competição começa nesta quinta-feira na capital do Azerbaijão. Foto: Luiz Roberto Magalhães/rededoesporte.gov.br

"A Aguiar é uma lutadora de verdade. Muito forte, experiente, e está sempre pronta para um bom dia. É preciso estar bem preparado para lutar contra ela", elogia. Quando fala de Rafaela, vai além: "Sobre a Silva é mais ou menos o mesmo. Ela já foi campeã mundial, campeã olímpica e agora está livre. Acho que, olhando para frente, é mais fácil para ela, não tem pressão. Acho que vai lutar bem este Mundial", acredita.

Os primeiros atletas do Brasil têm previsão de desembarcar nesta terça-feira em Baku, em horário não divulgado pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ). A seleção brasileira realizou a aclimatação na cidade francesa de Sainte-Généviève-des-Bois e no primeiro grupo a chegar ao Azerbaijão estão Gabriela Chibana, Érika Miranda, Jéssica Pereira, Phelipe Pelim, Eric Takabatake, Charles Chibana e Daniel Cargnin.

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Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior

1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)

1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)

1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)

1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)

1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)

1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)

1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)

2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)

2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)

2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)

2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)

2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)

2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)

2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)

2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)

2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)

Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br