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Tenis de mesa paralímpico

19/10/2018 15h04

Eslovênia 2018

Catia Oliveira leva o Brasil à primeira final de Mundial no tênis de mesa paralímpico

Paulista venceu a italiana Giada Rossi, 2ª do mundo na classe 02, para atletas cadeirantes com baixa mobilidade, e neste sábado briga pelo ouro contra a coreana líder do ranking

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Aos 27 anos, a paulista Catia Oliveira escreveu, nesta sexta-feira (19.10), na cidade de Celje, na Eslovênia, seu nome na história do tênis de mesa paralímpico nacional ao se tornar a primeira atleta do país a se classificar para uma final individual em um Campeonato Mundial da modalidade.

Depois de vencer a russa Nadejda Pushpasheva, atual número 3 do mundo na classe 02, para atletas cadeirantes com baixa mobilidade, na manhã desta sexta-feira e se classificar para a semifinal, Catia, 6ª do ranking, mediu forças com a italiana Giada Rossi, vice-líder do ranking e bronze no Rio 2016.

Catia Oliveira comemora ao final da partida contra a italiana Giada Rossi: vaga na final do Mundial. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br
"Depois que eu perdi o quarto set, respirei fundo e falei para mim mesma: 'Não cheguei tão perto para perder esse jogo'"
Catia Oliveira, mesatenista

A partida foi emocionante e fez a torcida brasileira na Eslovênia, composta apenas por atletas e membros da comissão técnica, sofrer. Depois de um começo forte, em que venceu os dois primeiros sets por 11/7, Catia parecia que já estava com a vaga garantida. Mas a italiana não se rendeu facilmente.

Nos dois sets seguintes, Giada Rossi se impôs, mudou sua tática e triunfou com facilidade, vencendo as parciais por 11/6 e 11/5. O momento parecia todo da rival, mas Catia Oliveira soube controlar a ansiedade.

"Depois que perdi o quarto set, respirei fundo e falei para mim mesma: 'Não cheguei tão perto para perder esse jogo'", contou a mesatensita, que há 11 anos sofreu um acidente de carro que lhe tirou os movimentos da perna.

Galeria de fotos do Campeonato Mundial de Tênis de Mesa da Eslovênia 2018

Mundial de Tênis de Mesa Paralímpico - Eslovênia 2018

Com essa determinação em mente, voltou para o quinto set com a mesma postura dos dois primeiros. Rapidamente abriu 5/0, administrou a vantagem para chegar a 9/3 e, então, fechou a partida em 11/4.

"Eu nem sei o que falar. Não estou acreditando", disse a brasileira, emocionada, ao fim do duelo contra a italiana. "Eu só queria aproveitar para agradecer à minha família, a todos na seleção brasileira, à minha equipe em Bauru, e em especial à Tainá, que mora comigo em Bauru e que cuida de tudo na minha carreira. Queria agradecer também ao Adilson, meu técnico em Bauru, que infelizmente não pôde vir, e ao Paulo Molitor, que fez um trabalho sensacional e me ajudou muito a chegar a essa final", enumerou Catia.

Na decisão, neste sábado (20/10), às 12h15 no horário local (7h15 de Brasília), Catia Oliveira terá pela frente mais uma vez a coreana Su Yeon Seo. Número 1 do mundo, foi prata em simples e bronze por equipes no Rio 2016. A adversária tem ainda no currículo três medalhas em Mundiais: prata em simples em 2014 e bronze por equipes em 2013 e 2014.

A partida será uma revanche do primeiro jogo pela fase de grupos do Mundial da Eslovênia, quando a coreana venceu a brasileira, na última quarta-feira (17.10), por 3 x 1, com parciais de 11/8, 8/11, 11/6 1 11/5.

Brasil para nas quartas

Quando Catia avançou à semifinal, o Brasil garantiu sua primeira medalha no Mundial da Eslovênia, já que na competição não existe a disputa de bronze e as duas atletas que perdem nas semifinais faturam o bronze. Naquele momento, a seleção tinha mais quatro chances de chegar ao pódio, uma vez que quatro atletas estavam nas quartas: Bruna Alexandre, Paulo Salmin, Danielle Rauen e Jennyfer Parinos. Entretanto, nenhum deles conseguiu triunfar.

Bruna Alexandre. Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br
"Meu plano agora é só emagrecer. A Confederação está me cobrando isso e eles estão certos"
Bruna Alexandre, mesatenista

Pela classe 09, para atletas andantes com pequeno comprometimento de mobilidade, Danielle Rauen enfrentou a polonesa Karolina Pek, número 2 do mundo e a mesma jogadora que já havia vencido Rauen na decisão do bronze individual nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. A rival venceu por 3 x 1, com parciais de 11/9, 11/4, 7/11 e 11/8.

"Só entrei no jogo no terceiro set, que foi quando eu fiz a tática que queria. Depois disso, o jogo foi decidido no detalhe", analisou Danielle. "Mas acontece. Joguei bem, é meu primeiro Mundial e saio daqui feliz por ter jogado de igual para igual com as melhores do mundo. Agora é treinar muito para, no próximo, eu estar melhor", continuou a mesatenista.

Também pela classe 09, Jennyfer Parinos perdeu por 3 x 1 para a chinesa Meng Liu, ouro em simples no Rio 2016 e atual número 4 do mundo. A rival venceu de virada por 8/11, 11/5, 11/8 e 11/7.

Pela classe 07, para atletas andantes com comprometimento nas pernas, Paulo Salmin duelou contra o chinês Shuo Yan, número 1 do mundo, e perdeu por 3 x 1, com parciais de 11/9, 9/11, 11/9 e 11/4. "Foram três sets com vantagem mínima com o número 1 do mundo e de uma escola muito tradicional que é a chinesa. Saio com uma sensação de que poderia ter sido melhor, mas feliz por ver que o trabalho está sendo bem desenvolvido", disse Salmin.

Por último, Bruna Alexandre, número 2 do mundo na classe 10, para jogadores com deficiências motoras leves ou amputação de membros superiores, enfrentou Shiau Wen Tian, de Taipei. A rival venceu por 3 x 1, com parciais de 9/11, 11/5, 11/5 e 11/6. "Eu nunca tinha jogado contra ela e senti muita dificuldade", afirmou Bruna. "Ela jogou bem e me surpreendeu bastante. O jogo estava desconfortável para mim", continuou.

Indagada sobre os planos para os próximos dois anos visando aos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, Bruna foi direta: "Meu plano agora é só emagrecer", afirmou. Ela reconheceu que está acima do peso e disse que o objetivo é perder 15 quilos até Tóquio 2020. "Antes do Rio, eu perdi 10 quilos em um mês. Foi uma dieta pesada, só a base de ovo, batata doce e frango. Mas eu me sentia fraca, passava mal nos treinos", lembrou Bruna. "Mas é importante estar magrinha, pois a gente se mexe melhor. A Confederação está me cobrando isso e eles estão certos", encerrou a mesatenista.

Luiz Roberto Magalhães, de Celje, na Eslovênia - rededoesporte.gov.br