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Tenis de mesa

15/12/2018 04h49

Tênis de mesa

Calderano faz história, bate o número 1 do mundo e só cai na semifinal do World Finals

Brasileiro vence o chinês Fan Zhendong por 4 a 2 no torneio que reúne os 16 melhores do ano. Na disputa por vaga na final, horas depois, acabou superado pelo japonês Tomokazu Harimoto

Atualizado às 10h

"Já havia jogado quatro vezes contra ele e só tinha vencido um set. Acho que posso dizer que foi a melhor performance da minha carreira e pretendo conquistar ainda mais". Com essa frase, Hugo Calderano resumiu o feito histórico que conquistou neste sábado (15.12) em Incheon, na Coreia do Sul. O brasileiro eliminou, nas quartas de final do World Tour Grand Finals, torneio que reúne apenas os 16 melhores  da temporada, ninguém menos que o número 1 do mundo. O atleta carioca venceu o chinês Fan Zhendong por 4 sets a 2, com parciais de 11/6, 12/10, 4/11, 11/5, 9/11 e 11/9.

O tom da narração do locutor oficial da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), Adam Bobrow, assim que a partida terminou, deu a dimensão do feito. "A sensação do Brasil conseguiu. Hugo Calderano eliminou o número 1 do mundo. Latino-americanos, americanos e resto do mundo: que performance! Número seis do ranking, Hugo Calderano bateu o jogador mais imbatível do mundo, o número um. O atleta mais dominante em 2018, que venceu o prêmio de estrela do ano da ITTF. O favorito para ganhar este torneio foi eliminado nas quartas de final."

"Acho que posso dizer que foi a melhor performance da minha carreira"
Hugo Calderano, sobre o jogo contra Fan Zhendong

Calderano já entrou na mesa como o único não asiático remanescente na competição, levando em contas as chaves de simples masculina e feminina, as duplas e as duplas mistas. Com uma mistura de recepções precisas e curtas, contra-ataques intensos e imprevisíveis e uma capacidade de antecipação das ações do adversário, o brasileiro foi soberano durante toda a partida das quartas de final.

Com uma medalha e US$ 35 mil da premiação dedicada aos semifinalistas garantidos, Calderano voltou horas depois da exaustiva partida à mesa. Ele teve pela frente, na disputa por uma vaga na decisão, o fenômeno japonês Tomokazu Harimoto, de 15 anos, quinto colocado do ranking mundial da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF). Na última vez em que haviam se enfrentado, Calderano havia dominado o adversário e vencido por 4 sets a 0, no Aberto do Catar, em março. Desta vez, contudo, a dominância foi de Harimoto. Com uma leitura de jogo invejável e uma capacidade de antecipação de quase todos os golpes do brasileiro, o japonês se classificou para a final com uma vitória sólida, por 4 sets a 0 (11/7, 11/8, 11/7 e 11/5). A outra semifinal terá o chinês Lin Gaoyuan e o japonês Jun Mizutani, bronze nos Jogos Rio 2016. A final será neste domingo. O campeão do torneio leva uma premiação de US$ 100 mil.

O caminho de Calderano no Grand Finals: vitórias nas oitavas e nas quartas. Eliminação do sexto do mundo só veio na semifinal

Habilidades

Para superar Fan Zhendong, Calderano atingiu um nível técnico que havia demonstrado algumas outras vezes ao longo da temporada, em especial no Aberto do Catar, em março. Na ocasião, ele chegou à final deixando para trás três atletas do top 15 mundial: o alemão Timo Boll, o chinês Lin Gaoyuan e o próprio Harimoto. Calderano ficou com a prata na competição, superado exatamente por Fan Zhendong.

Hugo e Zhendong surgiram para o cenário internacional mais ou menos ao mesmo tempo, na edição de 2014 dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, na China. Na ocasião, Zhendong foi o campeão e Calderano terminou com a medalha de bronze.

Coincidentemente, o japonês Tomokazu Harimoto também brilhou recentemente em Jogos Olímpicos da Juventude. Na edição de 2018, em Buenos Aires, na Argentina, Harimoto foi o vice-campeão na disputa individual e por equipes. O japonês, contudo, mesmo ainda adolescente, coleciona vitórias contra os melhores do mundo. Sua performance mais expressiva em 2018, até agora, havia sido no Aberto do Japão, quando derrotou os dois últimos campeões olímpicos para conquistar o título em casa. Harimoto é uma das grandes esperanças dos japoneses para tentar quebrar a hegemonia chinesa na modalidade no Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio.

Além do Aberto do Catar, Calderano teve outros resultados expressivos na temporada de 2018. No primeiro semestre, foi bronze no Aberto da Hungria e liderou a seleção brasileira em duas conquistas inéditas. Na Copa do Mundo por equipes, na Inglaterra, e no Mundial por equipes, na Suécia, o time nacional chegou pela primeira vez às quartas de final.

Em junho, venceu a Copa Pan-Americana e garantiu uma das vagas do continente na Copa do Mundo, disputada em Paris, em outubro. Na capital francesa, jogou bem mas acabou eliminado na fase de grupos. Mais recentemente, em novembro, chegou às quartas de final do Aberto da Áustria, etapa Platinum do circuito, a que rende mais pontos. Não à toa, foi listado entre os quatro melhores atletas do ano pela ITTF.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br