Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Brasileiro Lauro Chaman leva a prata em prova marcada por acidentes

Atletismo

17/09/2016 15h59

Ciclismo

Brasileiro Lauro Chaman leva a prata em prova marcada por acidentes

Ciclista iraniano morreu após acidente durante a corrida. Australiano e ucraniano disputavam roda a roda a primeira posição no sprint final, quando se chocaram e caíram a menos de cinco metros da bandeirada

Notícia atualizada às 18h30

A prova de ciclismo de estrada masculina, classes C4-5, disputada neste sábado (17.09) no Pontal, teve uma chegada surpreendente e que rendeu a prata para o brasileiro Lauro Chaman. O australiano Alistair Donohoe e o ucraniano Yehor Dementyev disputavam roda a roda a primeira posição no sprint final, quando se chocaram e caíram a menos de cinco metros de receber a bandeirada em um total de 84 km de percurso. Melhor para o holandês Daniel Gebru que vinha logo atrás e levou o ouro, com o tempo de 2h13m08s, seguido por Chaman, que cruzou a linha 38 segundos depois, liderando o pelotão. O italiano Andrea Tarlao ficou com o bronze. 

Durante a prova, o ciclista iraniano Bahman Golbarnezhad, de 48 anos, caiu em uma das descidas de Grumari e bateu com a cabeça. Ele foi removido do local pela equipe de atendimento de emergência em direção ao hospital, mas sofreu uma parada cardíaca e morreu. O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, divulgou uma nota de pesar pela morte do iraniano. Leia a íntegra

Golbarnezhad também havia participado da prova contrarrelógio do ciclismo de estrada nos Jogos do Rio, na quarta-feira (15.09). Ele conquistou o 14º lugar. Nos Jogos Paralímpicos de Londres-2012, ele correu no ciclismo de pista.

Em sinal de luto, bandeira do Irã e a bandeira paralímpica estão hasteadas a meio mastro na Vila Olímpica, onde os atletas estão hospedados. Elas também ficarão a meio mastro no Riocentro neste domingo, onde o Irã enfrentará a Bósnia-Herzegovina na final do vôlei sentado. O comitê organizador dos Jogos anunciou que haverá um momento de silêncio durante a cerimônia de encerramento neste domingo.

Foto: Washington Alves/MPIX/CPB

“Imaginei na hora: ‘Eles não cruzaram a linha’. Eu disputo a corrida até o final”, disse Chaman. “Essas chegadas sempre são assim, todo mundo tem que ir para esquerda. Os dois conseguiram escapar, estávamos em um grupo de seis atletas escapados e eu estava com eles. Uma hora um estava na frente, depois era outro. No final, os dois estavam na frente”, completou o brasileiro que havia conquistado na quarta-feira o bronze na prova de contrarrelógio, atrás justamente do ucraniano, ouro, e do australiano, prata, que se chocaram hoje.

Maior beneficiado com o acidente, Daniel Gebru viu a batida. “Eu estava perto. Eles ficaram na frente e eu vi que estavam lado a lado, bem próximos. Isso pode acontecer. Então vi que eles não tinham cruzado a linha e passei”, relatou o vencedor da prova. “Eu estou muito feliz, porque trabalhei duro por esta medalha”.

Fotos: Washington Alves/MPIX/CPB

Depois de concluída a prova, o resultado oficial demorou um pouco mais a sair. A organização estava analisando o acidente e se consideraria o tempo de Donohoe, que após a queda, se levantou e cruzou a linha caminhando, mas sem levar a bicicleta. Dementyev permaneceu deitado na pista um período maior e só depois de imobilizar o pescoço passou pela chegada. No entanto, ele foi considerado responsável pelo acidente e desclassificado. O australiano terminou em quinto.

“Não fico feliz de os atletas terem caído, mas por contar com a sorte sim. Já aconteceu muito de eu cair em uma chegada”, afirmou Chaman. “Nunca imaginei conquistar duas medalhas. Até brinquei que hoje não precisava nem ter largado, entre aspas, porque é lógico que queria competir, mas é que estava tão contente com a prova de contrarrelógio, na qual eu me preparei bem, mas não era tão favorito”, finalizou.

Foto: Washington Alves/MPIX/CPB

Felicidade que aumentou com a presença dos cerca de 20 amigos que alugaram uma van e saíram na madrugada de ontem de Araraquara (SP), cidade natal de Chaman, para vê-lo em ação nos Jogos Rio 2016. “Só tenho amigo maluco (risos). Tenho muito orgulho deles. Se eu não ficasse na frente, não ia fazer sentido para eles, ainda bem que consegui fazer essa boa prova”, disse o ciclista brasileiro. Ele pretende presentear a mãe, que acompanhou a prova de perto, com o mascote de cabelo prateado recebido no pódio.

O atleta aproveitou para agradecer o apoio recebido pelo Ministério do Esporte e pelo Comitê Paralímpico Brasileiro para o ciclo de preparação que resultou em duas medalhas inéditas. “Graças a eles eu consigo viver do meu sonho. Eu sempre trabalhei e treinava à noite, agora consigo me dedicar em período integral e fazer o que eu amo. Com certeza sem a Bolsa Pódio eu não teria essa medalha hoje, nem a de bronze”.

O Brasil contou com outro representante na corrida, Soelito Gohr chegou em 14º, terminando o percurso 11 minutos e 17 segundos após o vencedor. 

Foto: Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB

Nas classes C1 a C5, competem atletas com deficiência que afete pernas, braços e/ou tronco, mas que usam uma bicicleta de estrada. Quanto menor o número, maior a dificuldade para pedalar Além das bicicletas convencionais, o ciclismo de estrada paralímpico também tem provas para tandems (bicicletas de duas pessoas), handbikes (bicicletas de mão) e até triciclos.

Gabriel Fialho - Brasil2016.gov.br