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Atletismo paralímpico

21/05/2016 13h56

Evento-teste

Brasil vence Open de atletismo paralímpico, que encerra testes no Engenhão

Além das pistas de competição e aquecimento, acessibilidade também foi colocada à prova, assim como a segurança na instalação

Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Após passar pelo crivo do atletismo olímpico, o Engenhão também foi colocado à prova, entre 18 e 21 de maio, com a realização do Open Internacional de Atletismo Paralímpico, evento-teste da modalidade para o Rio 2016, vencido pelo Brasil com 124 pódios. A pista de competição, mais uma vez, recebeu elogios, mesmo com várias provas disputadas sob chuva. A pista de aquecimento ainda precisa de ajustes, que o torneio ajudou a mostrar. Com atletas cegos, cadeirantes e com dificuldade de mobilidade, a acessibilidade também foi observada, enquanto 330 homens cuidaram da segurança na instalação, cumprindo protocolos e seguindo o modelo que será aplicado nos Jogos.

Além dos testes feitos pelo Comitê Organizador Rio 2016, como a área de competição e o sistema de resultados, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) aproveitou para observar pontos como a arbitragem e a logística para os atletas.

 

“Vimos pequenos ajustes que precisam ser feitos, mas já testamos como vão reagir nossos atletas dentro do estádio em que nós pretendemos ganhar muitas medalhas. Ele já tem uma história e foi remodelado. Temos a pista mais atual do mundo e a estrutura está sendo finalizada na parte externa. Então para mim já é uma sensação ótima de ter trabalhado aqui em 2007 e agora ver essa pista ser utilizada já com uma perspectiva de futuro”, disse Ciro Winckler, coordenador-técnico de atletismo do CPB, lembrando que o Engenhão foi construído para os Jogos Pan e Parapan-Americanos Rio 2007.

O presidente do CPB, Andrew Parsons, dividiu as avaliações em dois aspectos: esportivo e operacional. Para ele, o saldo é positivo em ambos. “Como participante, nosso time está muito satisfeito. Atletas e técnicos deram um ótimo retorno. E como parte do Comitê Organizador, a gente viu que a operação funcionou. É óbvio que a gente tira algumas lições, esse é o último evento-teste, então está sendo bem útil para a gente afinar e melhorar ainda mais para os Jogos”, afirmou o dirigente.

Chuva ajudou nos testes do Engehão. Foto: Gabriel Heusi/brasil2016.gov.br

Chuva e sol

O clima instável ajudou nos testes da pista do Engenhão. Nos dois primeiros dias, chuva, frio e vento. Nos dois últimos, o sol apareceu. No fim, a pista foi aprovada. “A gente teve várias experiências nesse evento-teste, corremos em pista seca, molhada... Eu fiz minha melhor marca da temporada, corri ao lado de um campeão mundial (o cubano Leinier Pineda), então eu já tive o gostinho das Paralimpíadas e estou achando lindo”, disse Diogo Ualisson Silva, prata na prova dos 100m classe T12, perdendo apenas para o rival cubano.

O Engenhão agradou também ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês). “A instalação é ótima. A pista é nova e aguentou a chuva. Os atletas disseram que a pista é bem rápida e tivemos recordes mundiais neste evento, então acho que podemos esperar mais recordes em setembro”, previu Craig Spence, diretor de comunicação e mídia do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês).

Na pista externa da instalação, onde é feito o aquecimento dos atletas, alguns ajustes e acabamentos ainda precisam ser feitos, mas o Comitê Rio 2016 garante que tudo estará pronto para os Jogos. “A pista de aquecimento vai ficar pronta com todas as observações que foram feitas aqui. Já começamos também a mexer na pista de aquecimento para lançamento e arremesso (para o atletismo olímpico), que é aqui do lado. Estamos em contato com o CPB, com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), com o IPC e com a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) para nos ajudar nos ajustes até os Jogos”, disse Agberto Guimarães, diretor executivo de Esportes do Rio 2016.

Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Acessibilidade

De acordo com Craig Spence, do IPC, algumas áreas precisam ser melhoradas no que diz respeito à acessibilidade. “Precisamos melhorar um pouco, particularmente nas áreas para os espectadores e nos corredores de acesso para os atletas. E é nisso que vamos concentrar nossas ações agora”, afirmou. 

Para Ciro Winckler, do CPB, as adaptações são parte do legado que ficará para a população e os atletas que vão utilizar o Engenhão após os Jogos. “O estádio foi construído já com todas as normas de acessibilidade, mas o que acaba sendo o conflito do Engenhão é que vivemos no país do futebol, então existe uma lógica de futebol no estádio: o corredor de entrada para os atletas não é pensado para cadeiras de roda. Ajustes, com rampas, estão sendo feitos para que o atleta tenha acesso à área de competição e premiação, e isso vai ficar de legado pós-Jogos”, explicou. 

A atleta cadeirante Raissa Rocha Machado achou grande a distância até a área de competição. “Da câmara de chamada até chegar onde a gente tem que competir, está muito longe. A gente tem que dar a volta inteira e isso atrapalha o aquecimento. A gente aquece mais do que pode, porque a gente vem empurrando a cadeira. Muitas pessoas que têm perna amputada também têm dificuldades. A estrutura está superbonita, a única coisa que atrapalha é essa questão da distância”, disse.

“Existem coisas que você pode mudar e outras que não. Em qualquer estádio, você não consegue colocar tudo perto. O posicionamento da área de aquecimento é só um. O que pudermos fazer para minimizar o transtorno para os atletas será feito”, explicou Agberto Guimarães.

Segurança seguiu o modelo que será implementado nos Jogos. Fotos: Carol Delmazo e André Motta/brasil2016.gov.br

Segurança

Seguindo o modelo que será adotado nos Jogos, 330 homens de diversos órgãos de segurança foram acionados para o evento, incluindo 208 da Força Nacional. A avaliação do trabalho, de acordo com o Diretor de Operações da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça (Sesge-MJ), Cristiano Sampaio, é positiva.

“Na instalação, temos um centro de coordenação de segurança local, que cuida do cercamento para dentro. A gente testou a coordenação e a comunicação deste centro com o centro setorial, que funciona no estádio Maracanã e cuida da chamada região Maracanã e, ao mesmo tempo, ativamos o centro regional, que vai integrar as quatro regiões de competição”, explicou. “O evento transcorreu com tranquilidade. Tivemos atividades desde a supervisão do controle de acesso, a varredura dos veículos, passando pela segurança do campo de jogo, do patrimônio, até o policiamento externo, e isso integrado com alguma atividade de segurança privada”, acrescentou.

Ao colocar em prática o plano integrado de ação, alguns protocolos foram testados, como em um episódio de uma mochila esquecida no estádio, no dia 18 de maio. “A célula de inteligência foi ativada e rapidamente. Você aciona um protocolo, recupera imagens, porque a ideia é tentar identificar se aquela mochila foi esquecida ou se apresenta uma ameaça. O protocolo foi acionado adequadamente e foi detectada a pessoa que esqueceu”, contou.

A revista rigorosa na entrada, reforçou Cristiano, é algo a que o público tem que se acostumar. “Passar pelas raquetes de detecção de metais é mais trabalhoso (nos Jogos haverá aparelhos de raio-x), então a fluência nos Jogos será maior, mas as pessoas têm que se acostumar com o conceito de segurança, com a ideia de que a instalação é segura. Daqui a pouco a gente começa a montar as estruturas definitivas, aí teremos o mesmo resultado com menos esforço”, explicou Cristiano Sampaio.

Felipe Gomes: três ouros com o novo guia. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Resultados

Um dos destaques do dia foi Felipe Gomes, que ganhou a terceira medalha de ouro no campeonato, nos 400m da classe T11. Ainda melhorando a sincronia com o novo guia, Jonas Alexandre, o resultado da competição agradou o velocista. “O Jonas é um guia que está aprendendo a guiar, mas tem se mostrado muito capaz, além de ser ex-atleta. Estou confiante na parceria. Foi nossa primeira competição juntos e foram três ouros, isso nunca tinha me acontecido”, disse, em referência às vitórias nos 100m, 200m e 400m.

O Brasil liderou com sobras o Open Internacional de Atletismo Paralímpico, tendo conquistado 124 medalhas, sendo 49 ouros, 36 pratas e 39 bronzes. “Tivemos resultados excelentes e temos alguns novos atletas aparecendo, mesmo no período próximo aos Jogos. Isso é ótimo e pode modificar os nomes convocados. A gente pode falar que 90% da delegação está fechada e 10% ainda podem ser de gratas surpresas”, encerrou Cio Winckler.

Carol Delmazo e Mateus Baeta, brasil2016.gov.br