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Triatlo

29/07/2019 15h36

Lima 2019

Brasil desafia a lógica do triatlo e faz campanha histórica em Jogos Pan-Americanos

Delegação nacional conquista quatro medalhas em Lima 2019. Todos os triatletas recebem a Bolsa Atleta

Jogos Pan-Americanos Lima 2019

A resistência e a experiência de anos de treinamentos fazem diferença no triatlo. Os treinadores estimam que são necessários 10 anos de trabalho ininterrupto para fazer um atleta maduro. Por isso é frequente que os principais nomes do esporte não sejam apontados pelo talento, mas pela dedicação árdua. Com uma equipe sub23, os brasileiros desafiaram a lógica e a tradição do esporte nesta segunda-feira (29.07), ouviram o Hino Nacional tocar do lugar mais alto do pódio na prova de equipe mista no circuito montado na Praia Doce, em Lima, e garantiram o melhor desempenho da história do triatlo nacional em Jogos Pan-Americanos – com quatro medalhas ao total.

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Foto: Alexandre Loureiro/COB

Na última edição dos Jogos, disputada em Toronto 2015, a delegação brasileira enfrentava uma troca de geração e voltou para casa sem medalha. Em Lima, o Brasil contou com quatro atletas jovens na disputa por equipe mista. Vittoria Lopes, Manoel Messias, Kauê Willy e Luisa Baptista representam a nova geração do triatlo nacional que terá pela frente ao menos três ciclos olímpicos para disputar em boas condições. Todos os medalhistas recebem o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

"Este Pan tem um significado muito especial, porque tem a ver com a nova geração. A única atleta que transitou para elite foi a Luísa, que tem 25 anos. Eles estão no início da experiência e a qualidade já existe, mesmo sendo tão jovens. Há de fato um renovo e isso nos deixa otimista em relação ao futuro", analisou o diretor técnico do triatlo brasileiro, Sérgio Santos.

"Apesar do triatlo ser um esporte individual, o grupo faz a gente se fortalecer e acho que para os próximos Jogos Olímpicos estaremos mais forte", Luisa Baptista

O triatlo é um esporte individual. Foi a primeira vez que os atletas tiveram a oportunidade de disputar uma prova em equipe mista em Jogos Pan-Americanos. A medalha de ouro foi conquistada com o tempo de 1h20m31s. O segundo lugar ficou com a equipe do Canadá, com 1h20min51s, e o México fechou o pódio em 1h20min57s.

"Estou muito feliz em fazer parte disso. Sabíamos que na prova mista teríamos uma grande oportunidade de ganhar uma medalha. A Luisa, a Vittória e o Manoel são os meus companheiros há anos, desde os meus 8 anos. Fico muito feliz em voltar para casa com o ouro. A gente é a nova geração do triatlo, mas não podemos esquecer das gerações passadas, porque sem eles nós não estaríamos aqui", disse Kauê. "Somos mais do que amigos. Considero uma segunda família. Nós estamos trabalhando muito bem. Isso fortalece muito os laços de amizade. Apesar do triatlo ser um esporte individual, o grupo faz a gente se fortalecer e acho que para os próximos Jogos Olímpicos estaremos mais forte", completou Luisa.

 

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Foto: Alexandre Loureiro/COB

Para o treinador Eduardo Braz, o resultado em Lima é reflexo do trabalho e do planejamento. "Eu vi esses meninos crescerem. Eles estavam começando a se desenvolver em 2015 e agora em Lima vimos a concretização do trabalho a longo prazo. O diferencial do triatlo é o pensamento a longo prazo, investir na base e no planejamento. Para Lima eles trabalharam na integração. Conseguimos promover uma grande integração, mesmo sendo um esporte individual", explicou o treinador.

Com duas medalhas de ouro conquistas, Luisa é a triatleta mais experiente da delegação, com 25 anos. Ela ressalta que o diferencial da equipe é o entrosamento. "A gente tem características muito boas que se completam. Eu tenho uma corrida muito boa, o Kauê tem uma excelente natação, o Manoel uma bicicleta e a Vittória uma arrancada forte. É um time muito completo. Fomos campeões pan-americanos neste ano e temos tudo para chegar em Tóquio e fazer bonito", completou Luisa.

Rumo à Tóquio
Os atletas estão no processo de classificação para Tóquio 2020. As vagas serão distribuídas com base na colocação no ranking mundial. Os 55 atletas melhores classificados, com limite de três por país, garante o lugar na Vila Olímpica. Segundo o treinador Eduardo Braz, até a posição 70 do ranking garante uma vaga. "Nada está garantido para Tóquio, mas consideramos os pódios aqui um passo grande no desenvolvimento e na busca pelas vagas", analisou.

Triatlo em Lima 2019
A estreia do Brasil no pódio em Lima veio em dose dupla, no primeiro dia de competições. A paulista Luisa Baptista e a cearense Vittoria Lopes ficaram em primeiro e segundo lugar no triatlo feminino. No masculino, Manoel Messias ficou com a prata no individual.

O triatlo é uma das dez modalidades em que que 100% da delegação brasileira é de integrantes do Bolsa Atleta, do Governo Federal. Os seis atletas inscritos recebem o benefício, num investimento anual de R$ 126 mil. Entre os 485 atletas do Time Brasil, 333 são beneficiários do programa, e o aporte anual do governo federal é de R$ 14,6 milhões.

O sexteto do triatlo também integra o Programa Atleta de Alto Rendimento das Forças Armadas (PAAR). Os atletas têm à disposição os benefícios da carreira militar, como soldo, 13º salário, plano de saúde, férias, direito à assistência médica, incluindo nutricionista e fisioterapeuta, além de poderem treinar em instalações esportivas militares que possibilitam o treinamento em alto rendimento, casos do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes - CEFAN, da Marinha, do Centro de Capacitação Física e do Complexo Esportivo de Deodoro (do Exército) e da Universidade da Força Aérea - UNIFA. As instalações estão entre as beneficiadas por um investimento federal de R$ 140,7 milhões em construção, reforma e adaptações da estruturas que serviram de local de treinamento durante os Jogos Olímpicos Rio 2016.

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Breno Barros, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br