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Maratona aquática

08/10/2019 11h50

Maratonas aquáticas

Ana Marcela Cunha se prepara para os Jogos Mundiais de Praia Doha 2019

Acostumada a encarar longas distâncias dentro da água, Ana Marcela Cunha também acumula muitos quilômetros em viagens para representar o Brasil mundo afora

Somente em 2019, Ana Marcela, que recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Pódio, esteve em nove países, sempre levando a bandeira nacional aos lugares mais altos do pódio. Entre uma viagem e outra, a baiana de 27 anos concedeu entrevista exclusiva ao site do Comitê Olímpico do Brasil, no Rio de Janeiro. A cidade é sua base desde meados de 2018, quando escolheu o Centro de Treinamento Time Brasil como local de preparação rumo aos Jogos Olímpicos de Tóquio e a tão sonhada medalha em 2020.

Recém-chegada da China, onde conquistou o vice-campeonato da Copa do Mundo, ela se prepara novamente para cruzar o oceano. Em Doha, ela integra a delegação do Time Brasil na edição de estreia dos Jogos Mundiais de Praia, ao lado de outros 76 atletas de nove modalidades.

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Foto: Rafael Bello/COB

Confira os principais trechos da entrevista:

Qual a importância dos Jogos Mundiais de Praia?

São os primeiros Jogos Mundiais de Praia e chego como favorita pela medalha no Campeonato Mundial da Coreia, há três meses, na prova dos 5km (distância da disputa em Doha). Posso até não estar como no Mundial, no pico de performance, mas a cada prova eu venho tendo bons resultados. Pode parecer mais fácil nadar os 5km, mas o ritmo é bem mais forte. Sabemos que vamos encontrar atletas mais descansadas, mas também não tão competitivas. Vai ser uma disputa boa.

Como se adaptar às altas temperaturas de Doha?

É difícil para todo mundo. As provas devem ocorrer por volta das 6h da manhã para amenizar essa questão. Gosto do calor, mas não tanto da água quente. Então, todas vão sofrer um pouquinho. Acho que a nossa maior dificuldade vai ser o fuso horário. São seis horas a mais e vai ser complicado se adaptar em três, quatro dias.

O que representa para você defender o Time Brasil na primeira edição dos Jogos Mundiais de Praia sendo uma das principais atletas da delegação?

É uma honra para qualquer atleta representar o Time Brasil. Sou uma pessoa muito tranquila. Podem dizer que sou a estrela do grupo, mas para mim é de igual para igual com a galera. Essa é a minha vibe, e a troca de experiências será muito importante. Vai ser muito positivo mostrar para as modalidades não-olímpicas como funciona a nossa preparação para os Jogos Olímpicos. Nesse ano estamos conseguindo levar a nossa bandeira sempre nos lugares mais altos do pódio. Independentemente do nível e da importância da prova, quero dar o meu melhor.

Você se mudou para o Rio de Janeiro no ano passado e passou a treinar no CT Time Brasil. Como essa estrutura tem lhe ajudado?

Estamos tendo 200% de aproveitamento. Primeiro porque é tudo dentro do CT: treino, fisioterapia, massagem, parte física e Laboratório Olímpico. O Fernando (Possenti, treinador de Ana Marcela) está sempre querendo fazer testes e utilizar tudo que temos. Isso tem feito muita diferença na minha performance. Além de tudo isso, é muita disciplina e dedicação. Moro muito perto dali e só tenho que atravessar a rua para treinar. Essa é outra vantagem, porque consigo adaptar todo o meu dia para ter mais tempo de descanso.

Como é a Ana Marcela "carioca"?

Gosto muito da cidade, moro num lugar tranquilo. Uma vez por semana, com a família ou os amigos, dou uma passada na praia. Apesar do meu esporte ser de praia, treino sempre na piscina. Está sendo uma experiência muito boa morar aqui.

Por que a opção por treinar na piscina, e não no mar?

Temos muitas variáveis no mar, como vento e correnteza. De uma hora para a outra, o mar já não é o mesmo. É muito difícil fazer um treinamento como o da piscina, que sabemos que tem 50 metros e permite nadar em ritmo lento, sequencial ou avançado. No mar é mais vago, precisa de barco e segurança. A técnica também é muito diferente. Fora que na piscina é possível o treinador caminhar ao seu lado e corrigir uma coisa ou outra.

Além dos Jogos Mundiais de Praia, estão previstas outras competições até o fim do ano?

Tive um calendário lotado de competições tendo disputado sete das nove etapas da Copa do Mundo: venci cinco, fui prata nas outras duas e terminei o Circuito Mundial na segunda colocação. Conquistei pela primeira vez uma medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos. E tivemos o Campeonato Mundial, em que me classifiquei para os Jogos Olímpicos nos 10km, ganhei nos 5km e 25km e conseguimos um incrível quarto lugar no revezamento. Nadei ainda o Campeonato Americano, e temos os Jogos Mundiais de Praia, o Mundial Militar e mais duas etapas do Circuito Nacional. Para fechar, tem uma prova em Manaus, com a presença de estrangeiros.

Assim como na última etapa da Copa do Mundo, na China, temos optado por nadar em lugares mais quentes, porque vamos enfrentar isso nos Jogos Olímpicos. Mesmo não sendo a distância olímpica, é um lugar quente. Vou nadar em Manaus também para ir me adaptando e chegar a Tóquio com experiências legais.

Como será a preparação no ano que vem? Muda alguma coisa por causa dos Jogos Olímpicos?

Esse ano nos preparamos para o Campeonato Mundial, mas não fizemos tudo que planejamos para o próximo ano, por ser um ano olímpico. Teve um treinamento em altitude em 2019, provavelmente serão dois em 2020. E vamos competir menos. Vimos no Mundial que fiquei bem marcada na prova dos 10km, justamente por competir muito. Estávamos vindo de bons resultados, e o pessoal ficou bem ligado. Não saímos com a medalha que gostaríamos, mas saí com a classificação olímpica, que foi um bom resultado.

Fonte: Comitê Olímpico do Brasil (COB)