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08/03/2018 00h10

Jogos Paralímpicos de Inverno

A vez dos Paralímpicos na Coreia do Sul

Estádio Olímpico de PyeongChang recebe, nesta sexta (9.03), a abertura dos Jogos de Inverno. Até 18 de março, quase 570 atletas de 48 países disputam seis modalidades. Brasil terá três representantes

PyeongChang volta a figurar com destaque no cenário mundial esportivo a partir das 8h (de Brasília) desta sexta-feira, 9 de março. Depois de receber as Olimpíadas de Inverno em fevereiro, a cidade sul-coreana passa a ser o palco dos Jogos Paralímpicos. O evento é o maior da história, com mais de 570 atletas de 49 países, superior aos 539 que competiram em Sochi (2014). O número inclui um aumento de 44% na quantidade de atletas no feminino em comparação com a edição russa.

Aline Rocha, Cristian Ribera e André Cintra: os três representantes brasileiros nos Jogos de PyeongChang. Fotos: Márcio Rodrigues/CPB

A programação prevê, até o dia 18, 80 eventos nos seis esportes do programa: esqui alpino, snowboard, biatlo, esqui cross-country, hóquei sobre o gelo e curling em cadeira de rodas. Ao todo, 133 conjuntos de medalhas serão distribuídas. 

O esqui alpino e o snowboard serão disputados no Centro Esportivo de Jeongseon, enquanto o biatlo e o cross-country terão como palco o complexo de Alpensia, ambos na região da montanha. A área costeira de Gangneung receberá as provas de hóquei e curling.

Com 68 integrantes, a delegação dos Estados Unidos é a maior, seguida por Canadá (52), Japão (38), Coreia do Sul (36) e Noruega (32). Diferentemente dos Jogos Olímpicos, Coreia do Sul e Coreia do Norte (que terá apenas dois atletas) vão desfilar com bandeiras separadas na Cerimônia de Abertura. Três comitês paralímpicos enviam atletas pela primeira: Georgia (2 atletas), Coreia do Norte (dois) e Tajiquistão (um atleta) 

A América Latina terá dez representantes. O Brasil responde por três deles. Aline Rocha e Cristian Ribera vão disputar, cada um deles, três provas do esqui cross-country. André Cintra vai competir em duas vertentes do snowboard. O trio tem bons motivos para celebrar.

Aline Rocha será a porta-bandeiras da delegação brasileira. Quando estrear no esqui cross-country em 10 de março (no Brasil), na prova mais longa, de 12 quilômetros, estará entrando para a história como a primeira brasileira a disputar Jogos Paralímpicos de Inverno e de Verão. A atleta paranaense esteve na Rio 2016 nas provas de maratona (décima colocada) e 1.500m (nona) do atletismo em cadeira de rodas.

“Participar dos Jogos do Rio, conseguir a convocação, já foi um desafio. Ter o índice não era suficiente. A quantidade de vagas era limitada. Na cadeira de rodas, ainda maior. E consegui. Agora, no esporte de neve, em apenas um ano conseguir o índice e ser convocada, foi uma conquista gigante. Apesar de minha condição atlética ser boa, eu precisava me adaptar a um novo esporte, à neve, a fazer o esqui sentada. Não só participar dos Jogos, mas ser a primeira mulher, carrega uma responsabilidade enorme”, afirma Aline, de 26 anos, que sofreu lesão na medula em um acidente de carro quando era adolescente.

Cristian Ribera, por sua vez, é o “mascote” do evento. Com 15 anos, é o atleta mais novo de toda a Paralimpíada. Ele nasceu em Cerejeiras, cidade de 18 mil habitantes a 730km de Porto Velho, em Rondônia. Em função de uma artrogripose, doença congênita que afeta as articulações das extremidades, passou por 21 cirurgias de correção nas pernas, a última há cerca de quatro anos. Mora em São Paulo desde criança em função dos tratamentos. E adotou o esporte cedo, como forma de reabilitação.

“Comecei na natação, mas já pratiquei tênis, capoeira, atletismo”, conta. O esqui cross-country surgiu há três anos, dentro de uma parceria da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) com a Fundação Agitos, braço do IPC para fomentar a prática da modalidade. Cristian vai disputar as provas longa (15km), média (7,5km) e de sprint (1km). A estreia é no mesmo dia de Aline, em 10 de março (do Brasil).

"A diferença entre o André de 2014 e o de 2018 é a experiência. Nos últimos anos, adquiri mais rodagem nas provas, na neve, com a prótese, e com a prancha
André Cintra, do snowboard

André Cintra, por sua vez, é o tempero de experiência no grupo. Aos 38 anos, participa de sua segunda Paralimpíada de Inverno. Também esteve em Sochi, na Rússia, quatro anos atrás. O snowboard, modalidade que disputa, passou por um processo de intenso crescimento no programa paralímpico. Se em Sochi foram dois eventos com medalha, em PyeongChang serão dez. Na estreia, André terminou a única prova que disputou, o snowboard cross, em 28º dentre 33 participantes. Desta vez, competirá em duas: no cross, no dia 11, às 22h30 (de Brasília) e no banked slalom, no dia 15, no mesmo horário.

"A diferença entre o André de 2014 e o de 2018 é a experiência. Nos últimos anos, adquiri mais rodagem nas provas, na neve, com a prótese e com a prancha", explica. "Cheguei em PyeonChang diferente. Já conheço o ambiente, os atletas, sei como as coisas funcionam. Então, tudo isso ajuda a manter a calma e a ficar menos ansioso", explica o atleta, que sofreu um acidente de moto aos 17 anos e teve que amputar a perna direita acima do joelho.

Para o mundo ver

O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) estima que todos os recordes de audiência por televisão e redes sociais serão quebrados. Até quarta-feira (6.03), 47 emissoras com direitos de transmissão haviam informado que fariam a cobertura, o que significava uma disseminação de imagens em pelo menos 100 países.

A estimativa é de que seja quebrada a marca de 2,1 bilhões de pessoas que assistiram a algum trecho das Paralimpíadas de 2014, em Sochi. “Não apenas temos mais emissoras, mas muitas vão dedicar mais tempo de transmissão em todas as plataformas do que em edições anteriores”, afirma Alexis Schaefer, diretor comercial e de marketing do IPC. “Isso mostra um crescente interesse global no esporte adaptado”.

“Não apenas temos mais emissoras, mas muitas delas vão dedicar mais tempo de transmissão em todas as plataformas do que em edições anteriores dos Jogos”
Alexis Schaefer, diretor comercial e de marketing do IPC

Um dos exemplos dessa tendência é a emissora NHK, do Japão. Parceira antiga do movimento paralímpico internacional, ela vai transmitir 62 horas de competições, 30 horas a mais do que fez em Sochi, em 2014, já de olho nos Jogos de Tóquio, em 2020.

Próxima sede dos Jogos Paralímpicos de Inverno, a China também se destaca. A emissora CCTV se propõe a transmitir 40 horas de cobertura. Na França, que será a sede dos Jogos de Verão de 2024, a televisão local exibirá 100 horas de competições, 40 a mais do que em Sochi. Os Estados Unidos, anfitriões de 2028, terão mais de 250 horas de cobertura da NBC em todos os seus canais, incluindo 94 horas de televisão. Referência mundial na cobertura dos esportes adaptados, o Channel 4, da Inglaterra, prevê 100 horas de transmissão em todas as suas plataformas.

Outro dado que aponta para o crescente interesse no evento é o número de 810 jornalistas credenciados para a cobertura em PyeongChang, número 23% superior ao registrado quatro anos atrás.

Medalhas e o mascote dos Jogos. Crédito: Comitê Paralímpico Internacional

Paralelamente, os canais oficiais do Comitê Paralímpico Internacional prometem transmitir ao vivo pelas redes sociais 280 horas dos Jogos Paralímpicos, com ênfase nos seis esportes. Pacotes diários com os destaques do dia em cada modalidade também serão produzidos para as rede sociais.

“As medalhas são um símbolo de igualdade, criatividade, cultura e paixão. O trabalho realizado no design e na manufatura foi de alto padrão de excelência”
Lee Hee-beom, presidente do Comitê Organizador dos Jogos 

Mascote

O mascote oficial dos Jogos Paralímpicos se chama Bandabi. É um urso negro asiático, presente na mitologia sul-coreana e associado à cultura e ao folclore do país. O urso simboliza força de vontade e coragem.

Medalhas

As medalhas paralímpicas foram criadas por Lee Suk-woo, um designer coreano. Têm padrão similar ao usado nos Jogos Olímpicos, com 92,5mm de diâmetro e 9,42 mm de largura. Em sua borda, trazem inscritas no alfabeto coreano Hangeul o texto “Jogos Paralímpicos de Inverno PyeongChang 2018”.

Padrões tradicionais incluindo nuvens, montanhas, vento e madeira, que simbolizam a beleza natural da sede dos Jogos e da província de Gangwon estão gravados em relevo no verso. A fita que envolve a medalha é outra peça do design. Foi criada usando o tradicional tecido coreano chamado Gapsa, que é leve e translúcido.

“As medalhas são um símbolo de igualdade, criatividade, cultura e paixão. O trabalho realizado no design e na produção foi de alto padrão de excelência e estamos ansiosos pelo momento em que o primeiro atleta irá recebê-la”, afirma o presidente do Comitê Organizador dos Jogos, Lee Hee-beom.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br, com informações do Comitê Paralímpico Brasileiro e do Comitê Paralímpico Internacional