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Canoagem velocidade

20/08/2016 14h35

Canoagem velocidade

Prata ao lado de Erlon, Isaquias se torna primeiro brasileiro com três medalhas em uma só edição dos Jogos

Baiano de Ubaitaba se despede do Rio 2016 com duas pratas e um bronze, no pódio em todas as provas que disputou. Ele será o porta-bandeira do Brasil na Cerimônia de Encerramento

 

Isaquias Queiroz já era o maior atleta da história da canoagem de velocidade no Brasil antes mesmo de os Jogos Olímpicos Rio 2016 começarem. O baiano de Ubaitaba foi o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha em um Mundial da modalidade. Na terça (16.08), também se tornou o primeiro brasileiro a subir ao pódio na modalidade em Olimpíadas ao levar a prata na C1 1000m. Mas Isaquias foi além. Conquistou o bronze na C1 200m e outra prata, neste sábado, desta vez na C2 1000m, ao lado de Erlon Souza. Com isso, se tornou o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição de Jogos Olímpicos.

“Eu me dediquei para tentar fazer história e a gente conseguiu. É a força de vontade de querer mostrar o trabalho da canoagem do Brasil. As três medalhas não são só minhas. São do Brasil, da canoagem, da Bahia”
Isaquias Queiroz

O feito é tão impressionante que uma campanha nas redes sociais sugeriu mudar o nome da Lagoa Rodrigo de Freitas para Lagoa Isaquias Queiroz. “Fiquei surpreso para caramba, mas fiquei muito feliz. Um atleta que nunca tinha ganhado medalha na Olimpíada e o pessoal ter esse carinho”, festejou Isaquias, que entrou nos Jogos Olímpicos com o objetivo de três medalhas em três provas. “Eu me dediquei para tentar fazer história e a gente conseguiu. É a força de vontade de querer mostrar o trabalho da canoagem do Brasil. As três medalhas não são só minhas. São do Brasil, da canoagem, da Bahia”, disse o atleta de 22 anos, que começou no esporte quando tinha 11, por meio do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Com o resultado expressivo, Isaquias foi anunciado nesta sábado como porta-bandeira da delegação brasileira na Cerimônia de Encerramento dos Jogos, marcada para este domingo, no Maracanã. 

A dimensão das conquistas de Isaquias também pode ser medida com uma brincadeira que costuma ser feita com multimedalhistas olímpicos como Bolt e Phelps. Se o canoísta brasileiro fosse um país, em que posição ele estaria no quadro de medalhas dos Jogos Rio 2016? Com duas pratas e um bronze, Isaquias estaria, até a tarde deste sábado, em 61º lugar, à frente de países como Irlanda, México, Noruega, Israel e Portugal.

Carinho da torcida  

Os agradecimentos de Isaquias incluíram, especialmente, seu companheiro na C2 1000m, Erlon Souza, e a torcida brasileira. “Queria ajudar o Erlon a ganhar uma medalha porque ele me ajudou muito durante esses três, quatro anos. Eu acho que ele merecia sair daqui com a medalha. Queria que fosse de ouro, mas acho que a de prata está de bom tamanho”, afirmou o canoísta. “A minha medalha de ouro foi o público, o carinho da torcida. Ver esse público cantar o hino nacional, vir todos os dias aqui. Estou muito feliz e tenho que agradecer muito à torcida brasileira”.

A torcida que lotou as arquibancadas da Lagoa Rodrigo de Freitas no último dia da canoagem velocidade nos Jogos Olímpicos Rio 2016 fez festa para Isaquias e Erlon desde o início das competições até a despedida final dos atletas. “Olelê! Olalá! O Isaquias vem aí e o bicho vai pegar”, cantavam os torcedores antes da dupla entrar na água. Quando a prova começou, às 9h22, aplausos e gritos de incentivo durante os 3 minutos, 44 segundos e 819 centésimos que os brasileiros levaram para cruzar a linha de chegada.

Embora tenham liderado a prova desde o início, Isaquias e Erlon não conseguiram evitar o ouro dos alemães Sebastian Brendel e Jan Vandrey, que com um arranque impressionante nos últimos 150 metros, ultrapassaram os brasileiros e garantiram o primeiro lugar ao terminar a prova com 3min43s912. O bronze foi para os ucranianos Ianchuk e Mishcuk, com 3:45.949. 

Para os brasileiros, a prata teve um sabor especial. “A gente sabe o que a gente passou e o que a gente passa no centro de treinamento. Não é fácil carregar uma medalha dessa. Não é fácil dormir e acordar pensando no treino. Então eu acho que é merecida. Não deu para conter as lágrimas no final, porque a gente batalhou muito. Quando você chega no fim e vê que seu trabalho foi concluído, não dá para não se emocionar e agradecer”, disse Erlon.

Depois da prova, os dois canoístas também receberam muito calor dos torcedores. Muitas pessoas fizeram questão de ir até as grades da zona mista para ver os atletas passarem, tentar uma selfie e gritar palavras de carinho. Antes de ir para a entrevista coletiva, Isaquias fez questão de ir para o meio do povo que o esperava, posar para fotos e distribuir sorrisos e acenos. Erlon também foi muito aplaudido.    

Após cruzar a linha de chegada, Isaquias agradece à torcida, enquanto Erlon não consegue conter as lágrimas. Fotos: Danilo Borges/Brasil2016
“Só a gente sabe o que a gente passa no centro de treinamento. Não é fácil carregar uma medalha dessa. Não deu para conter as lágrimas no final, porque a gente batalhou muito. Quando você vê que seu trabalho foi concluído, não dá para não se emocionar"
Erlon Souza

Férias merecidas

Também baiano, mas de Ubatã, Erlon Souza foi descoberto no programa Segundo Tempo, assim como seu parceiro de prova. Como só competiu na C2 1000m, o canoísta não escondeu que estava ansioso para entrar na água após ver o amigo Isaquias brilhar. “Desde segunda estou querendo entrar na água, competir. E conforme Isaquias foi competindo e eu vendo que estava dando tudo certo, a ânsia por uma medalha foi crescendo. Graças a Deus a gente conseguiu esse feito histórico. Estamos saindo com sentimento de dever cumprido e agora é férias”, brincou Erlon.

Perguntado quanto tempo de férias vai tirar, o canoísta disse que vai depender do técnico Jesús Morlan. Mas Isaquias avisou que já acertou com o treinador espanhol. “Já combinei férias até janeiro. O treinador falou que se eu conseguisse duas medalhas, teria férias até novembro. Falei então que com três seria até janeiro”, divertiu-se.

Após o merecido descanso, será a hora de recomeçar. A meta é chegar à sonhada medalha de ouro nos próximos Jogos Olímpicos, em Tóquio-2020. “Com certeza vamos buscar o ouro em Tóquio”, projetou Isaquias. “Aqui não deu, mas acho que em Tóquio esse ouro vem”, completou Erlon.

Rio 2016 - Canoagem Velocidade - 20/08/2016

Investimentos

Em 2010, o Ministério do Esporte celebrou convênio com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) no valor de R$ 2,1 milhões para estruturação de centros da modalidade no país. Já por meio do Bolsa Atleta, maior programa de patrocínio individual do mundo, entre 2012 e 2015 o Ministério investiu R$ 5,4 milhões na concessão de 433 bolsas, nas categorias Atleta de Base, Estudantil, Nacional, Internacional e Olímpica. Quatro atletas, entre eles Isaquias e Erlon, são patrocinados pela Bolsa Pódio, a mais alta do programa e criada após a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Rio 2016, num aporte de R$ 960 mil. 

Mateus Baeta - brasil2016.gov.br